Segunda-feira, 17.08.09

ministra A senhora é que já está a influenciar os vizinhos .... no prédio já nasceram mais janelas vermelhas. (cá para mim é a força da CDU em campanha pela Av Roma)

----

Nota: A administração do Aventar dedica este «post» à D. Maria João Pires.

 

Também publicado no Aventar.



publicado por Ricardo Santos Pinto às 09:46 | link do post | comentar

Domingo, 16.08.09

Só uma dúvida: como será que a empregada lhe tira os caroços? Com os dentes?
 


A pérola encontra-se por volta dos 8 minutos.

Publicado também no Aventar



publicado por Ricardo Santos Pinto às 11:31 | link do post | comentar

Vieira da Silva acusou o PSD de política de baixo nível por Aguiar-Branco dizer que o Governo está sob suspeita.
Cuiroso. Ninguém lhe ouviu uma única palavra a propósito da «roubalheira do BPN» que Vital Moreira andou a espalhar em plena campanha para as Europeias.
Moita Flores, por seu turno, diz que não vai votar no PSD nas Eleições Legislativas. Mas nas Autárquicas, duas semanas depois, irá candidatar-se pelo PSD à Câmara Municipal de Santarém. Se não se revê no PSD, por que razão não concorre sozinho? Ah, pois, porque já entregou as listas. Isto é que é azar!

Publicado também no Aventar


publicado por Ricardo Santos Pinto às 11:23 | link do post | comentar

Quarta-feira, 13.05.09
Caros bloggers do 5 Dias:

Dirijo-me a vós por esta via por o blog não ter endereço de email e por não estarem disponíveis os endereços de cada um dos membros.
Fui membro desse blogue durante alguns meses, em 2008 e 2009. Entrei de minha livre vontade, sem espalhafato, e saí do mesmo modo, sem dramas. Os meus textos ficaram por aí, não tendo sido posteriormente disponibilizados para colocação neste blogue onde agora me encontro porque achei que não havia necessidade. Se os quiser utilizar, sei onde ir procurar.
Decidi, há uns dias, que os meus textos, no 5 Dias, não têm o destaque merecido. Escrevi um email às pessoas que por aí estavam quando fui membro, a saber, o Nuno Ramos de Almeida, o António Figueira, o Luís Rainha e o Zé Nuno. Pedi que fossem mais realçados. Não fui atendido. A minha insistência apenas teve como resposta final o silêncio.
Venho, assim, solicitar, por esta via pouco pessoal e pouco confortável, que o façam. Espero que entendam que não autorizei, não entreguei, não cedi a ninguém, e muito menos a uma entidade chamada “5 Dias” quaisquer direitos sobre os posts que aí publiquei, sobretudo para depois estarem tão escondidos no meio de textos que não interessam a ninguém. Ninguém tem direitos sobre os mesmos a não ser eu próprio. Escrevi-os e publiquei-os eu.
Por muito que possa ser considerada uma minudência, estão a ser pouco divulgados no blogue contra a minha vontade. Retidos. Porque, neste momento não tenho direitos de administração, portanto, não lhes posso aumentar o tipo de letra eu próprio. Não posso pô-los a bold. Peço-vos que o façam. Que alguém o faça. O Nuno Ramos de Almeida recusou.
Espero que o bom-senso prevaleça. E que o que vos peço seja atendido. Eu, por mim, não vou desistir enquanto não vir este meu direito respeitado. Não vou, não. Alguém poderá dizer que é birra ou outra coisa qualquer. Não me importa.

É tudo.

Saudações blogueiras.

Ricardo Santos Pinto / r.

Actualização: Aviso desde já que, como tenho tomates e não me escondo sob as saias da mamã, vou recorrer a vias judiciais para que este meu direito seja cumprido. Corpo 18 e a bold para os meus «posts», já!


publicado por Ricardo Santos Pinto às 18:02 | link do post | comentar

Quinta-feira, 02.04.09


«Eu não quero dizer mal de nenhum sound system / São irmãos nesta luta de mensagem activista / O que eu quero explicar é que alguém ganha por tabela / Promovem uma mentira e anda lucram com ela».


publicado por Ricardo Santos Pinto às 16:55 | link do post | comentar

Terça-feira, 31.03.09

Pode ser que me engane, mas parece-me que Elisa Ferreira já perdeu a corrida à presidência da Câmara Municipal do Porto.
Por três razões: o corte afectivo na ligação que mantinha com a cidade devido a cinco anos de Parlamento Europeu; o verdadeiro «saco de gatos» que é o PS/Porto; e a boa imagem que, apesar de tudo e vá-se lá saber por quê, Rui Rio mantém entre os eleitores portuenses.
Vamos por partes. Elisa Ferreira foi sempre uma referência da cidade do Porto, sobretudo nos tempos em que pertenceu ao Governo, mas está há cinco anos em Bruxelas e já poucos se lembrarão dela. Ainda por cima, no momento em que concorre à Câmara do Porto, não abdica de se manter nas listas para o Parlamento Europeu.
Depois, o PS/Porto. Com amigos assim, Elisa Ferreira não precisa de inimigos. O «saco de gatos» que é a concelhia da Invicta não lhe perdoa o facto de ser independente e de ter sido imposta pelo primeiro-ministro. Foi revelador o episódio da reunião realizada há algumas semanas e da azeda troca de palavras entre a candidata e o líder da concelhia, Orlando Soares Gaspar. No dia seguinte, tudo estava na imprensa.
Por fim, Rui Rio. A verdade é que, por muito que nos custe, o Presidente da Câmara mantém uma boa imagem junto do eleitorado. Em 2001, devido ao inefável Nuno Cardoso, o PS deixou a cidade num caos, completamente esventrada e numa situação económica dramática. Rui Rio pôs a casa em ordem e pouco mais fez, para além de afrontar o FC do Porto, mas parece ter sido o suficiente para garantir um inestimável capital de confiança. Tão grande que nem precisa de falar ou de aparecer, como refere o José Freitas aqui em baixo.
Elisa Ferreira daria uma boa Presidente da Câmara. Dentro do PS, não vejo melhor. Mostrou ser eficiente no Ministério do Ambiente, onde teve de lidar com questões sensíveis e com um certo galispo, seu Secretário de Estado, que já então procurava dar nas vistas.
Infelizmente, chega no momento errado, depois de duas candidaturas socialistas falhadas, uma protagonizada por Fernando Gomes, que perdeu como castigo por se ter ido embora a meio do mandato; e uma outra, protagonizada por Francisco Assis e à qual só por grande favor se poderá chamar candidatura a sério.
A seu lado, na apresentação da candidatura, vimos gente que nada diz ao Porto, como José Sócrates e Mário Soares, e outras pessoas que não lhe valerão nem mais um voto, como Fernando Gomes, Pinto da Costa ou Rui Veloso. O certo é que o primeiro-ministro está a apostar forte na candidata. Mas é também por sua culpa que Elisa Ferreira vai perder.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 17:48 | link do post | comentar

A partir de hoje vou Aventar...


publicado por Ricardo Santos Pinto às 17:45 | link do post | comentar

Quarta-feira, 25.03.09

1 - Indica o nome do quadro acima representado.
Resposta: Chama-se Maria Fiza.
2 - Refere o nome do estilo artístico adoptado em Portugal durante o Renascimento.
Resposta: Foi o Manuel Lino.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 10:22 | link do post | comentar | ver comentários (3)

Domingo, 22.03.09
Do «Correio da Manhã» de ontem:

«Uma professora de Geografia da Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, no Porto, foi anteontem agredida "à bofetada e dentada" pela avó de um aluno de 15 anos, que frequenta o 10º ano do curso profissional de Turismo. A docente vai apresentar queixa à polícia amanhã.
A agressão à docente, de 53 anos, foi presenciada por vários alunos e aconteceu mesmo à porta da escola, quando a professora foi surpreendida pela encarregada de educação. A vítima preparava-se para sair num um passeio de estudo ao Palácio de Cristal.
"A senhora começou a berrar e de um momento para o outro agrediu a minha colega. Deu-lhe duas bofetadas e uma dentada", disse ao CM Paulo Teixeira Sousa, professor de Matemática naquela escola.
Segundo aquele docente, o aluno do curso profissional mantém com a professora de Geografia uma relação tensa. Num dos episódios mais graves, terá mesmo "insultado e batido a porta à professora".
Posteriormente, o aluno foi levado à sala de indisciplina e foi-lhe imposta uma sanção: a suspensão por três dias. A encarregada de educação foi chamada à escola para discutir a situação disciplinar do jovem . "Não aceitou o que a directora de turma lhe disse e afirmou que lhe estavam a fazer a cabeça contra o neto", disse Paulo Teixeira Sousa.
Segundo o CM apurou, este foi o primeiro episódio de violência contra professores naquela escola, onde só há registo de pequenas escaramuças entre alunos e que acontecem esporadicamente. »


publicado por Ricardo Santos Pinto às 22:42 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Sexta-feira, 20.03.09
Do «Público» de hoje:

«Dois automóveis pertencentes a dois professores foram incendiados esta manhã no parque de estacionamento da Escola EB 2,3 D. Pedro IV, em Mindelo, Vila do Conde. A GNR confirma o incidente, que lhes foi reportado às 11h30. “Como havia suspeitas de nível criminal e eram necessárias perícias de carácter laboratorial o caso foi encaminhado para a Polícia Judiciária (PJ)”, adiantou o porta-voz da GNR, o tenente-coronel Costa Lima.Os carros, um Mercedes CLK e um classe A da mesma marca, foram, segundo um dos docentes afectados que preferiu manter o anonimato, “regados com um combustível e depois ateados com fogo”. Mas, ninguém terá assistido a este momento. “Só nos apercebemos do que estava a acontecer quando começou o fumo e as chamas”, relata o professor, que dá aulas há cerca de 18 anos. O docente não tem ideia de quem lhe possa ter incendiado o carro, mas assume ter alunos problemáticos e já ter sido vítima de ameaças físicas. “Nada que pensasse que viesse a resultar nisto”, confessa. O carro da outra docente não estava ao pé do seu, garantindo o professor que havia outras viaturas de gama mais alta que não sofreram quaisquer danos. O professor admite que este possa ter sido um acto de vingança, relacionado com a sua única actividade profissional, a docência. O PÚBLICO não consegui falar com a outra professora que, contudo, não partilhava nenhuma turma com o colega. A Escola EB 2,3 D. Pedro IV, em Mindelo, não quis comentar o caso. Contactada pelo PÚBLICO, a Direcção-Regional de Educação do Norte também não esteve disponível para falar. Uma Brigada da PJ está neste momento no estabelecimento de ensino a fazer inquirições, não excluindo qualquer hipótese neste momento. No entanto, um responsável da instituição não deixa de apontar que não é comum em alunos destes (que frequentam no máximo o 9º ano) actos desta gravidade.»


publicado por Ricardo Santos Pinto às 21:07 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quinta-feira, 19.03.09
Sei que faz parte da lei da vida um pai morrer antes de um filho. E nem quero imaginar como será um filho morrer antes de um pai. Não quero sequer pensar nisso.
Deve ser por estar toda a semana longe da família, mas ando muito sensível. E hoje, Dia do Pai, já chorei duas vezes: primeiro, ao ler o «post» que a minha mulher me dedicou no blogue da nossa pequenina; a seguir, ao ler o «post» do Jaime Roriz no Parentalidades.
Mesmo sabendo qual é a lei da vida, a dor é a mesma. Felizmente, ainda tenho pai. E este «post» é para ele.
Obrigado por tudo, pai.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 18:21 | link do post | comentar

Apesar de ser notícia que já tem alguns dias, vale sempre a pena ler:
«Uma professora foi violentamente agredida com socos e pontapés, ontem de manhã, por uma aluna de 13 anos, na escola EB 2,3 Aires Barbosa, em Esgueira, Aveiro. A professora sofreu ferimentos na face e nas mãos, tendo sido assistida no Hospital de Aveiro, de onde teve alta uma hora depois. A aluna foi suspensa por dez dias.O caso ocorreu às 10h00, quando Áurea Teixeira, professora de Educação Visual e Tecnológica, estava a leccionar a turma do 5º I, constituída apenas por alunos de etnia cigana que têm dificuldades escolares. Os elementos da Escola Segura tomaram conta da ocorrência.Durante a aula, a docente repreendeu a aluna por não ter feito os trabalhos de casa e mandou-a para a sala de estudo. A adolescente recusou e agrediu a professora com vários murros e pontapés. Só a intervenção dos colegas de turma e de alguns funcionários conseguiu acalmar a aluna."Disse-lhe que não queria ir para a sala de estudo, mas ela queria obrigar-me, por isso bati--lhe", contou ao CM a adolescente que reside na Quinta do Simão, uma das zonas mais problemáticas de Aveiro.[...]"(Ana Isabel Fonseca/ Vera Tavares 17 Março 2009 Correio da Manhã)


publicado por Ricardo Santos Pinto às 12:33 | link do post | comentar

Terça-feira, 17.03.09
Hoje faço anos. 38.
Como sempre neste dia, estou triste. Não sei muito bem por quê, mas penso que serão reminiscências dos meus anos de adolescente. Detesto fazer anos, odeio que me cantem os parabéns e é uma angústia enorme ter de responder aos telefonemas que, inevitavelmente, se vão sucedendo ao longo do dia. Família e amigos não têm culpa das minhas pancas. Felizmente, agora há as mensagens escritas.
Neste ano, no entanto, estou mais triste do que o costume. Desterrado a cem quilómetros de casa, a viver completamente sozinho, desde a partida do meu bom amigo Ben, numa casa enorme, sinto-me mais solitário do que nunca. Pela primeira vez, não estou com aqueles que mais amo, a minha mulher e a minha filhinha, que em 2008 ainda nem sequer era nascida.
Por ser tímido, e de novo por causa da adolescência, dificilmente consigo relacionar-me com pessoas da minha idade. E até seria fácil, porque na minha escola não faltam desterrados. Mas por ser assim, acabo por passar a semana completamente sozinho, sem ter com quem falar a partir das 18 horas. Ironicamente, o blogue que criei para os meus alunos, com o objectivo de servir de complemento às aulas, acaba por servir de escapa a tamanha solidão, através dos comentários que os alunos vão fazendo e aos quais eu respondo.
É engraçado. Na vida real, costumo rezar para que as pessoas não se lembrem do meu aniversário. E hoje, acabo por anunciá-lo ao mundo através deste «post». Se calhar porque sei que ninguém o vai ler.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 17:37 | link do post | comentar | ver comentários (10)

Domingo, 15.03.09
Ao ler o «post»do Paulo Pinto do Jugular, acerca do Puto Charila, veio-me à memória uma série de memórias da minha infância. Há anos que não ouvia falar do Puto Charila e as semelhanças são tantas que quase diria que o Paulo Pinto estava a falar da mesma pessoa que eu conheci muito bem.
E se calhar não, porque eu estudei numa enorme escola primária do Porto, não na província. E apesar das parecenças, as recordações que me ficaram do Puto Charila são essencialmente diferentes das do Paulo Pinto. Quando me lembro do Puto Charila, lembro-me de alguém que mudou decisivamente o rumo daquela escola. Lembro-me de alguém muito especial, que só por despeito era criticado por alguns.
Valha a verdade que era um miúdo diferente dos outros. Mesmo sendo recém-chegado, não tinha qualquer problema em assumir-se, em criticar tudo o que estava mal, em apontar o dedo, mesmo aos mais poderosos. De falta de coragem, ninguém podia acusá-lo. Essa sua personalidade levou-o a criar conflitos e inimizades. Mas ao mesmo tempo, criou uma aura de mistério e de curiosidade à sua volta.
Os aplausos chegavam de todas as turmas, mas, por vezes, o pequeno génio era alvo da incompreensão dentro da sua própria turma. Muitos dos colegas não percebiam o seu posicionamento, a forma como muitas vezes defendia toda a turma e se colocava à frente do pelotão. O seu amor à camisola da turma.
Na verdade, só um é que não gostava mesmo dele. Era o Delegado de Turma. Quase nunca falava, nunca se assumia, mas entretinha-se na sombra a fazer intrigas. Alguns admiravam-lhe a sapiência, mas essa admiração partia mais de «ouvir dizer», porque o certo é que ele raramente produzia o que quer que seja que pudesse ser elogiado. A bem dizer, ele raramente dava o seu contributo à turma. Para cúmulo, esse Delegado de Turma passava informações internas às turmas rivais, aproveitando para contar em pormenores cenas passadas com o Puto Charila dentro da turma.
Todos os outros colegas gostavam do Puto Charila, mesmo que por vezes não concordassem com ele. Era o caso de um dos veteranos, que até já tinha dirigido o Jornal da Escola mas que fora demitido sem se perceber muito bem por quê. E era o caso de um outro colega que, quando se sentia atingido, desatava a maltratar quem o tinha atacado. Chegava a ser rude e a insultar forte e feio, mas o Puto Charila gostava muito dele.
Com efeito, só o Delegado não o suportava. E não o suportava porque o Puto Charila era simplesmente o melhor da turma. Algo preguiçoso, por vezes desiquilibrado na forma como realizava os seus deveres, mas excelente em tudo o que fazia. Um pequeno génio. E por não estar disposto a aceitar que pusessem em causa o seu lugar no seio da turma, o Delegado conseguiu pô-lo fora. Ou melhor, fê-lo sentir-se tão mal que ele acabou por sair.
Nos tempos que se seguiram, o Puto Charila ainda foi rondando a sua antiga turma. Não porque quisesse voltar - com aquele Delegado de Turma, nunca! - mas porque ainda gostava realmente dos seus colegas. Do antigo Director do Jornal da Escola; do colega que insultava os outros; de um outro que era muito sensível, uma verdadeira florzinha cheia de amor para dar; de um branquinho que denotava aqui e ali uma certa insegurança, mas que era uma jóia de pessoa; de um outro que era «barra» nos computadores, mesmo que na altura ainda não existisse internet; e de todos os outros.
Gostava muito daquela gente, mas certo dia, chegou à conclusão de que era necessário partir. E partiu. Foi pregar para outra freguesia e, por ali, ninguém mais ouviu falar do Puto Charila. Altos voos o esperavam!
Bem, as memórias são como as cerejas. Umas trazem as outras. De repente, lembrei-me de um rapaz algo estranho que pertencia a uma turma rival da do Puto Charila. Era conhecido pelo nome de Escaganifobético. Nunca soube se esta palavra existe mesmo e se, existindo, se escreve mesmo assim.
A turma a que ele pertencia era realmente má, uma das piores. Seriam umas 50 ou 60 turmas naquela escola e, num engraçado Turmómetro que a Associação de Estudantes organizava semanalmente, a turma do Escaganifobético nunca conseguia entrar no Top-25. Já a turma do Puto Charila, ao invés, estava sempre nos primeiros 15 lugares, embora, com a saída do Puto, a queda no Top se tenha tornado inevitável.
Para dizer a verdade, nem sei por que razão me lembrei do Escaganifobético - alguns colegas diziam Escanifobético. O puto era realmente uma nulidade. Não valia um chavo e só estava naquela escola porque era sempre um fiel seguidor da Delegada de Turma, uma rapariga com muito jeito para escrever e para controlar todos os que a rodeavam. Aquele charme que algumas mulheres conseguem ter, mesmo em piquenas! Pior do que o Escaganifobético, só mesmo um outro colega da turma, a que chamavam o Palonço e que, tal como aquele, fazia o que a chefe mandasse. Desde que lhe pingasse em cima...
O Escaganifobético era o autêntico cão de fila. Fazia o que o mandavam. Geralmente coisas desinteressantes, mas, que Diabo, para alguma coisa havia de servir! Era uma espécie de paquete, o moço dos recados que, no final da tarefa, recebia umas festinhas na nuca. Feliz por ter agradado à Delegada de Turma, abanava o rabo furiosamente. E deitava-se feliz, sonhando com o dia seguinte, em que, mais uma vez, iria ser útil à sua dona.
Soube mais tarde que o Escaganifobético caíu em desgraça junto da Delegada de Turma e que, fruto do seu carácter fraco e traiçoeiro, não conseguiu que mais ninguém o acolhesse. Desapareceu rapidamente e nunca mais ninguém ouviu falar dele. Rastejante, aprendeu a aperfeiçoar o faro e a procurar outro dono que o fizesse sentir-se amado.
O cérebro humano é uma caixinha de supresas. Há mais de vinte anos que não me lembrava do Puto Charila e do Escaganifobético. O «post» do Paulo Pinto relembrou-me essas personagens. Só tenho de lhe agradecer.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 23:29 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sexta-feira, 13.03.09


Há dois meses, apelei no «5 Dias» à participação de todos os trabalhadores portugueses na grande manifestação nacional que iria decorrer hoje em Lisboa.
Terão sido mais de 200 mil, segundo os dirigentes da CGTP. Não pude ir, porque as vésperas dos testes e da avaliação do 2.º período não permitiram que eu faltasse. Mas estive de alma e coração com todos aqueles milhares que marcharam na capital em luta pelos seus direitos. Operários, trabalhadores da construção civil, indiferenciados, enfermeiros, professores, enfim - uma mole imensa de gente que já chegou à conclusão, apesar de muita dela ter votado PS em 2005, que esta política de Direita não é a solução para resolver as Quimondas deste país.
Manifestações deste calibre não matam. Não matam, mas moem, disso podem ter a certeza.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 20:36 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quinta-feira, 12.03.09
Passei bons momentos naquela casa enorme. Olhar agora para ela, vazia, triste, escura, dá-me vontade de chorar. Custa-me a respirar, tenho de abrir bem a boca e aspirar todo o ar que puder.
Infelizmente, percebi demasiado tarde que tinha feito um amigo.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 22:35 | link do post | comentar | ver comentários (1)







Do «Diário de Notícias» de anteontem:

«Portugal é o país europeu com maiores incentivos para quem decidir, no futuro, trabalhar mais dois anos. Mas o prémio não compensa a quebra nas pensões. Quem se reformar em 2046, vai receber 71% do último salário líquido, em vez de 91%. É o terceiro maior corte na União Europeia.»

Pois, pois, e Vieira da Silva é o Ministro mais de Esquerda deste Governo...


publicado por Ricardo Santos Pinto às 11:46 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Quarta-feira, 11.03.09
Aquando do início do consulado da Ministra Maria de Jesus Rodrigues, veio a notícia do concurso de professores por três anos. Terá sido, mas só para alguns. Pois eu, que sou Quadro de Zona de Pedagógica, estive em quatro escolas nesses tais três anos. Só porque a DGRHE proibia a recondução de professores com horário incompleto. Claro que, depois, o mesmíssimo horário era entreguue a um desses professores em espera. E começava uma tão ridícula quanto desnecessária troca de cadeiras.
(Exemplo elucidativo: eu e a minha colega Dália, ambos dos arredores do Porto. Primeiro ano: eu em Tarouca, ela em Cinfães; segundo ano: eu em Souselo, ela em Tarouca; terceiro ano: eu em Cinfães, ela em Souselo!)
Há uns meses, Maria do Céu Rodrigues anunciou que os Quadros de Zona Pedagógica iam ser extintos e que esses professores iriam passar para os Quadros de Agrupamento. Anunciou também que o próximo concurso seria por quatro anos.
Com grande estardalhaço, vieram então os governantes dizer que nunca se tinham aberto tantas vagas para professores como se iriam abrir neste ano e que para os contratados é que ia ser.
Hoje, sabe-se que vão abrir cerca de 20 mil vagas e que, dessas, 2 mil são para contratados. Atendendo a que há 30 mil professores dos Quadros de Zona Pedagógica, isso significa o quê? Bem, 30 mil menos 20 mil, mais 2 mil, 18 mil... é fazer as contas!
Já estou a perceber a história. Mais uma vez, essa da colocação por quatro anos vai ser uma grande treta, pelo menos para mim. Continuarei mais quatro anos com a vida adiada, sem saber como vai ser no ano seguinte. Porque isto de passar a semana inteira longe de casa é uma merda e começa a ser insuportável. Não estou para isto muito mais tempo. Masse calhar vou ter de estar, não é?
Para o futuro, Maria da Glória Rodrigues anuncia já o fim dos concursos e a colocação directa por parte das escolas. É, diz ela, uma forma de lhes dar autonomia.
Autonomia? Quase que me ria...


publicado por Ricardo Santos Pinto às 19:03 | link do post | comentar

Ao que parece, o blogger Vasco M. Barreto foi saneado do blogue Jugular. O nome dele desapareceu mesmo da lista de autores da servil publicação blogosférica.
Não se esperaria outra coisa. A 19 de Janeiro, atreveu-se a criticar directamente Fernanda Câncio e Miguel Vale de Almeida pelo contentamento destes em relação ao novo discurso de Sócrates sobre o casamento de homossexuais. Escreveu então: «Perdoem-me o paternalismo, mas sendo o Miguel e a Fernanda vozes importantes e experientes nesta luta, não percebo como podem ser ingénuos e mostrar agora tanto entusiasmo público. (...) Eu até percebo a psicologia desta reacção: sendo a fé de ambos nos políticos e nos socialistas tão diminuta, sentiram hoje um tremendo alívio. Sucede que teria sido mais avisado fazerem uma celebração menos pública. Porque, embora eu saiba que não se trata disso, o seu comportamento parece algo submisso. Mais orgulho, sff.» «As coisas que sabes de pura ciência, Vasco.», foi a resposta seca de Fernanda Câncio, devidamente secundada por Maria João Pires.
A partir daqui, o seu destino estava traçado.
Em 28 de Janeiro, atreveu-se a criticar a palhaçada em torno do relatório da OCDE que, afinal, não era da OCDE. «Estamos perante um case study de propaganda do Governo», alvitrou. «Seria conveniente, Vasco, não festejares tanto as confusões que fazes», respondeu Fernanda Câncio na caixa de comentários do «post». «Tens o direito de fazer o que bem entenderes, não desconverses nem te vitimizes.», foi a corajosa resposta do autor.
Na sua análise ao «Prós e Prós» da RTP sobre o casamento de homossexuais, a 17 de Fevereiro, acusou Fernanda Câncio de ter desvalorizado a questão da adopção de crianças por casais homossexuais. E voltou a criticar a posição do PS.
Parece ter sido o último «post» de Vasco M. Barreto no Jugular. Quis saber se ele tinha sido saneado, perguntei directamente ao blogue, mas não obtive resposta. Parece que sim, que foi.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 10:42 | link do post | comentar | ver comentários (5)

«A palavra de Deus será anunciada e explicada com mais frequência e maior clareza. Os bispos permanecerão nos seus rebanhos e velarão por ele.» (Bispo Jerónimo Ragazzoni, na última sessão do Concílio de Trento)

« - Ó setor, o que é um Trento?»

« - Ó setor, por que é que eles tinham de ficar no meio dos rebanhos?»


publicado por Ricardo Santos Pinto às 10:25 | link do post | comentar

Terça-feira, 10.03.09
Não resisto a transcrever mais uma das fantásticas crónicas de Manuel António Pina no «Jornal de Notícias». O único local desse pasquim em que, por estes dias, se consegue respirar com alguma liberdade.

«A crise quando chega toca a todos, e eu já não sei se hei-de ter pena dos milhares de homens e mulheres que, por esse país, fora, todos os dias ficam sem emprego se dos infelizes gestores do BCP que, por iniciativa de alguns accionistas, poderão vir a ter o seu ganha-pão drasticamente reduzido em 50%, ou mesmo a ver extintos os por assim dizer postos de trabalho.
A triste notícia vem no DN: o presidente do Conselho Geral e de Supervisão daquele banco arrisca-se a deixar de cobrar 90 000 euros por cada reunião a que se digna estar presente e passar a receber só 45 000; por sua vez, o vice-presidente, que ganha 290 000 anuais, poderá ter que contentar-se com 145 000; e os nove vogais verão o seu salário de miséria (150 000 euros, fora as alcavalas) reduzido a 25% do do presidente. Ou seja, o BCP prepara-se para gerar 11 novos pobres, atirando ainda para o desemprego com um número indeterminado de membros do seu distinto Conselho Superior. Aconselha a prudência que o Banco Alimentar contra a Fome comece a reforçar os "stocks" de caviar e Veuve Clicquot, pois esta gente está habituada a comer bem.»


publicado por Ricardo Santos Pinto às 17:00 | link do post | comentar

Deve ser das alterações climáticas, mas hoje tenho de concordar com o inenarrável José Lello e com o pasquim abjecto em que o «Jornal de Notícias», servil defensor do Governo, se tornou.
Com efeito, tornou-se insustentável a posição de Manuel Alegre no PS. Ele tem de se decidir. Claro que ninguém é obrigado a seguir a disciplina partidária como um carneiro (e carneiros é coisa que não falta na Bancada Parlamentar do PS). Mas há limites: se não concorda com nada e é contra tudo, então deve sair.
Basta de tacticismos políticos. Manuel Alegre julga-se credível a perorar contra os Partidos políticos e a actuar desta forma? Então, o que continua a fazer no PS? Por que não sai?
Se é a candidatura presidencial que o atormenta, esqueça. Cavaco vai ganhar à primeira volta, como continuará a ganhar qualquer Presidente sofrível, num segundo mandato, com este tipo de regime em que o Presidente manda tanto como a Rainha de Inglaterra.
Depois, é tarde para fazer render o tal milhão de votos. O meu voto é que nem vê-lo. Foi na altura para o Garcia Pereira (0,4%) e agora voltaria a sê-lo.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 16:38 | link do post | comentar

Segunda-feira, 09.03.09
Curioso. O palerma do jornalista que assegura a transmissão, na SportTV, do Setúbal - Nacional da Madeira, só se lembra do antigo árbitro José Pratas por ter fugido aos jogadores do FC do Porto num célebre jogo com o Benfica.
É curioso como a memória de uma pessoa consegue ser selectiva...


publicado por Ricardo Santos Pinto às 20:08 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Na sexta-feira, abandonei o blogue colectivo «5 Dias», por razões que não vêm aogra para o caso. Adorei a experiência e só lhes desejo a maior sorte do mundo. Que continuem a massacrar, nas audiências, o servil Jugular!
Parece-me que agora vou ter mais tempo para postar por aqui. Apesar da escola e, claro, das minhas actividades paralelas ao ensino.
A propósito, aqui fica a despedida que fiz para o «5 Dias».

Este é o meu «post» de despedida.
A vida tem destas coisas. Ainda ontem ou anteontem, dizia ao Paulo Pinto do Jugular, na caixa de comentários de um «post» do Nuno Ramos de Almeida, que vestira a camisola do «5 Dias», que um blogue colectivo era uma espécie de família e que não previa para breve a minha saída destas bandas.
Afinal, parece que perdi uma boa oportunidade de estar calado. Mordi a língua. Os planos que tinha sairam ao contrário e acabo por sair, hoje, claramente derrotado. Vencido. Quem te manda a ti, carpinteiro, tocar rabecão, ou lá o que é.
Por que saio? Fiquemo-nos pelos «motivos pessoais», que é o que se diz nestas alturas, não é?
Gostei muito desta curta experiência no «5 Dias». Ainda me lembro perfeitamente quando recebi um mail do Luís Rainha a convidar-me, em pleno Jantar de Natal da minha escola. Eu, um simples comentador que nunca tinha pensado chegar a autor de um blogue. Eu, um «slumdog».
Ao longo de pouco mais de dois meses, escrevi dezenas de «posts» e recebi centenas de comentários. Uns agradáveis, outros menos, mas todos importantes. De todos os comentadores, tenho de dirigir uma palavra especial ao Luís Moreira e à De Puta Madre. De todos os «posts», arrependo-me apenas de um, aquele em que me meti de forma estúpida com a Fernanda Câncio a propósito dos despedimentos na Controlinveste. Não fiz por mal, mas foi mau.
Quanto aos outros, orgulho-me de todos. Nos «Momentos de Lucidez» de Mário Soares, disse as verdades que ninguém parece ter coragem de dizer neste pântano em que se transformou Portugal; de Sócrates, disse também tudo o que tinha a dizer; do Freeport, tentei esclarecer o que se passou em dois textos que me deram muito trabalho; com Rui Curado Silva, brinquei, mas parece que só o próprio não levou a mal; hoje mesmo, voltei a brincar com os IP’s e os comentadores, mas parece que também ninguém percebeu.
Aqui chegados, faltam os agradecimentos. Ao Luís Rainha e ao Nuno Ramos de Almeida, por me terem convidado para esta experiência inesquecível que foi o «5 Dias». Já lá está no meu currículo - autor do «5 Dias» em 2008 e 2009. Para um «slumdog», nada mau, ah? Quanto aos outros, um abraço muitíssimo especial aos excelentes Carlos Vidal e Tiago Mota Saraiva, para mim os melhores deste blogue, apesar de alguns exageros (para chocar) do Carlos; um abraço ao Pedro Ferreira, com quem troquei interessantes experiências, e ao João Branco, que tenho pena de não ter conhecido melhor; um beijo de muita amizade ao Paulo Jorge - havemos de nos conhecer, puto!; cumprimentos ao Zé Nuno, sempre pronto a resolver os meus problemas técnicos, e a todos os outros.
Despeço-me da forma que se despediu, emocionado, o jornalista do último telejornal da saudosa NTV: a gente vê-se por aí.

Ricardo Nuno Santos Ferreira Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 17:21 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Segunda-feira, 02.03.09
O Ministro SS é um trauliteiro. Mais trauliteiro, de resto, do que todos os outros Ministros juntos, à excepção do Primeiro-Ministro.
A sua postura de malhar em todos aqueles que atrevem a fazer oposição ao Governo começa a dar resultados. Então não é que o senhor era o 95.º nome na lista da Comissão Nacional do PS e, num repente, passa para o 10.º lugar?
O homem está imparável. Mais uns malhanços a torto e a direito e o Ministro SS brevemente passará a ser o n.º 2 de José Sócrates. Ou o n.º 4, tanto faz. Dali à Mota-Engil, afinal, basta um pequeno passo. E quem se mete com o Governo leva!
É que todos sabem que a liberdade se deve ao Mário Soares, não é ao Álvaro Cunhal ou ao Mário Nogueira.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 19:53 | link do post | comentar

Domingo, 01.03.09








Carlos Alberto Vidal e Vital Moreira.
Não confundam. Não vão em cantigas, rapazes e raparigas!


publicado por Ricardo Santos Pinto às 12:58 | link do post | comentar

Sábado, 28.02.09









«Saudamos a expressão do objectivo socialista assente na apropriação colectiva dos principais meios de produção e no exercício democrático do poder das classes trabalhadoras.
Saudamos a ampla estatuição dos direitos e liberdades, designadamente das garantias pessoais e das liberdades políticas, o fim da distinção entre os filhos, a igualdade entre marido e mulher; os direitos económicos, sociais e culturais, nomeadamente das classes trabalhadoras: o direito ao trabalho, tal como o dever de trabalhar, a consagração do papel da educação na edificação da sociedade democrática e socialista e o objectivo de eliminar a sua função conservadora da divisão social do trabalho, a previsão de discriminações positivas a favor dos filhos dos trabalhadores no acesso à Universidade, a proeminência do ensino público sobre o ensino privado.
Saudamos a firme e ampla consagração do direito à greve, a proibição do lock-out, a liberdade sindical,
a participação dos trabalhadores na reestruturação do aparelho produtivo, o âmbito de poderes das comissões de trabalhadores, o controle operário.
Saudamos a defesa das nacionalizações e da Reforma Agrária, a extinção dos foros, da parceria e da colónia, o respeito pela posse da terra dos pequenos e médios agricultores, a admissão da não indemnização dos grandes capitalistas expropriados, a planificação democrática da economia.
Saudamos ainda o reconhecimento da participação do MFA na organização do poder político, o papel do Conselho da Revolução como garante do cumprimento da Constituição, a missão das forças armadas de, garantir as condições de passagem para uma sociedade democrática e socialista, a intervenção das organizações populares no exercício do poder local, a autonomia local e regional, a defesa da liberdade eleitoral e da acção política dos partidos, o controle da constitucionalidade dos actos do Estado.
Mas não podemos deixar de lamentar a definição pouco clara da base social, económica e política do Estado e das suas várias funções, a ausência de uma perspectiva lúcida e firme de combate à actividades dos reaccionários, fascistas e separatistas, o não se assegurar o devido grau de participação de jornalistas e outros trabalhadores nos órgãos de informação, nem a libertação da informação do controle monopolista e do grande capital.
Lamentamos a não consagração da via escolar única, o desaparecimento dos critérios de indemnização, das nacionalizações, a ausência do objectivo de firme combate ao grande capital, a limitação excessiva do carácter imperativo do Plano, o bloqueio à dinâmica própria das organizações populares de base (como é o caso flagrante em relação às comissões de moradores), o recuo na matéria do julgamento dos responsáveis da PIDE/DGS, etc. Fomos vencidos nesses pontos e ficámos muitas vezes sozinhos na defesa dos interesses das massas populares. A nossa luta não foi vã, contudo. O apoio que recebemos e a unidade que em muitos outros pontos conseguimos estabelecer com outros partidos foram decisivos para fazer da Constituição aquilo que ela tem de positivo.
Por mais equívocas que sejam algumas das formulações da Constituição, ela é no fundamental incompatível com os interesses reaccionários do grande capital e da direita. A Constituição não é favorável à direita, a Constituição não é favorável à reacção. A direita, a reacção, sabem-no bem e já disso deram provas públicas. Conhecendo nós, no entanto, a sua actividade de constante mistificação ideológica e política, não será de surpreender que aqueles mesmos que ainda ontem denunciavam o carácter "dogmático, marxista" e "totalitário" da Constituição venham hoje a reivindicá-la para os seus interesses partidários e identificá-la com o seu programa, no exacto momento em que desde já mistificam o seu conteúdo.»

Intervenção de Vital Moreira na Assembleia da República, acerca do texto constitucional, 3 de Abril de 1976.
Como vão longe os tempos do Comunismo...


publicado por Ricardo Santos Pinto às 21:21 | link do post | comentar








O ex-comunista Vital Moreira acaba de ser o escolhido para cabeça de lista do PS ao Parlamento Europeu.
Não podia haver prémio mais justo. No seu blogue «Causa Nossa» e nas suas diversas intervenções públicas, o constitucionalista tem sido de uma amabilidade ímpar para o Governo e para o primeiro-ministro José Sócrates. Para ele, tudo o que o primeiro-ministro faz, faz bem, e quem o criticar leva.
Diz agora que foi uma surpresa o convite. É de rir. Depois de tudo o que tem escrito e dito, será que o inenarrável Vital esperava outra coisa?
Qme ficou mal foi o inefável Freitas do Amaral. Depois de andar a defender tão afincadamente o primeiro-ministro, agora fazem-lhe esta desfeita?


publicado por Ricardo Santos Pinto às 21:10 | link do post | comentar

A mãe do primeiro-ministro é uma santa. Consegue fazer milagres. Nunca trabalhou, mas tem direito a uma pensão mensal superior a 3000 euros, paga pelo Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social.
Já a minha sogra, trabalhou quarenta anos numa fábrica e fez sempre os respectivos descontos. Por ter ficado desempregada aos 55 anos e ter entrado na pré-reforma, trouxe para casa uma reforma de pouco mais de 250 euros. Teve azar, não é mãe do primeiro-ministro.
Sou caceteiro, pois sou. Mas estas injustiças irritam-me, o que é que hei-de fazer?


publicado por Ricardo Santos Pinto às 16:47 | link do post | comentar



















publicado por Ricardo Santos Pinto às 16:45 | link do post | comentar

Quarta-feira, 25.02.09

Gostei do «Slumdog Millionaire». É um filmezinho, embora não tão leve como parece à primeira vista, com uma estoriazinha rebuscada, mas gostei. A companhia ajudou e o cinema também - um daqueles cinemas onde não temos de levar com intervalos, putos irritantes e o massacrante barulho das pipocas.
Quanto ao filme, penso que a India será mais ou menos aquilo. Não só, mas sobretudo. Por isso é que os indianos o criticaram tanto.
Sempre gostei de Danny Boyle. «Trainspotting» foi um dos filmes que mais me marcou e «The Beach» não deixa de ser interessante. No «Slumdog Millionaire», só era escusado um final tão feliz.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 00:18 | link do post | comentar

Sexta-feira, 06.02.09


publicado por Ricardo Santos Pinto às 21:16 | link do post | comentar

Quinta-feira, 05.02.09

Soube do caso pelo blogue «5 Dias».
Para quem, como eu, tem uma filha pequenina, a notícia é emocionante. Tragicamente emocionante. E para quem, como eu, se coloca na posição daquele corajoso pai, só apetece mandar o Vaticano para o caralho. Assim mesmo. Com todas as letras. E por aqui me fico porque os leitores merecem respeito.
Quem é o Vaticano para chamar assassino seja a quem for?


publicado por Ricardo Santos Pinto às 11:40 | link do post | comentar

Terça-feira, 03.02.09

O nosso ciganito deixou-nos num dilema. Acredito que falo em nome de muitos portistas.
Quando o José Mourinho estava no Chelsea, os portistas gostavam do Chelsea e queriam que o Chelsea ganhasse sempre.
Quando saiu, os portistas deixaram de gostar do Chelsea e passaram a querer que perdesse sempre.
Quando entrou o sr. Scolari, os portistas passaram a detestar o Chelsea e a desejar ardentemente que a equipa fosse trucidada, jugulada em todos os jogos que disputasse. Que descesse à II Divisão inglesa e que o treinador fosse despedido o mais rapidamente possível.
E agora o ciganito vai para o Chelsea. Com esta é que não contávamos! Já não bastava estar lá o Deco e outros ex-jogadores do Porto. Mas o nosso ciganito! Que futuro vamos agora desejar para o Chelsea?
Pronto, pronto, não se amofinem. Estou certo de que falo em nome de muitos portistas, mas como não tenho mandato, falo apenas por mim.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 16:26 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sexta-feira, 30.01.09
A morte é mesmo uma merda, como dizia no «post» anterior. Mas é a lei da vida. É a lei natural. Vão morrendo os mais velhos, vão crescendo os pequeninos.
E o sorriso de um bebé, quando regressamos a casa no final da semana, compensa todas as tristezas e todos os problemas. O sorriso de um bebé que já nos conhece, que sabe quem somos e que, um dia, correrá para nós e gritará: Papá!
Olá, bebé!


publicado por Ricardo Santos Pinto às 22:46 | link do post | comentar

Quinta-feira, 29.01.09
A morte é uma merda. E, no entanto, é o que temos de mais certo. Todos vão morrer um dia. Nós e os outros.
Desde o momento em que temos alguma consciência, vamos, inconscientemente ou não, pensando cada vez mais naquele dia. No dia em que nós, e antes disso os nosso entes queridos, irão desaparecer.
Só que, quando nos parece que esse momento se está a aproximar, não queremos acreditar. É como se nunca tivessemos pensado nisso antes. E sofremos como se tivesse acontecido algo de completamente imprevisto. E começamos desde logo a ter saudades. E choramos por não termos estado mais tempo juntos. Choramos muito.
Que se foda a morte.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 11:34 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sábado, 24.01.09
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5294892836489519810" />
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5294892715805828146" />
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5294892595403824562" />
No distrito de Viseu, é assim: neva muitas vezes. E quando se vai ou se vem de lá, para a nossa casa de fim-de-semana, as viagens tornam-se muito... diferentes.
Ter o privilégio de ver neve constantemnte não é para qualquer um.
Ai, ai, os professores, esses privilegiados...


publicado por Ricardo Santos Pinto às 16:01 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quarta-feira, 21.01.09
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5293811022456357906" />
Lista de 15 suspeitos da Polícia Judiciária (Departamento de Investigação Criminal de Setúbal), publicada no jornal «O Independente» de 18 de Fevereiro de 2005 (o sublinhado é do próprio jornal) a propósito do caso Freeport de Alcochete.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 18:08 | link do post | comentar


QUEM ESTACIONA EM CIMA DO PASSEIO É UMA BESTA!


publicado por Ricardo Santos Pinto às 10:34 | link do post | comentar

Quarta-feira, 14.01.09
Num destes dias, conheci o João Silas. Não em pessoa, não ao telefone, mas, como vai sendo cada vez mais comum neste mundo, na blogosfera.
E vi que o João Silas é um puto porreiro. Aluno de uma escola secundária, tem ideias estruturadas e sabe o que quer - coisa que vai sendo rara, infelizmente, entre os alunos portugueses.
O facto de ter um blogue, só por si, já diz algo acerca dele. A visitar.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 11:54 | link do post | comentar | ver comentários (3)

Quinta-feira, 08.01.09

Sei que muitos professores nos lêem. Ainda não temos os leitores do «Umbigo», mas lá chegaremos.
É para eles este texto.
Com todo o respeito, chegou a hora de «decapitar» a senhora ministra. «Jugulai-a» de vez! É agora ou nunca. Mesmo que hoje em dia já não seja ministra de nada, que simbolicamente tenha morrido há muito, a carcaça do simbólico cadáver, com o devido respeito, continua por aí. Envergonhada. Escondida. Inexistente. Fantasmagórica. Mas continua por aí.
É preciso, pois, dar a estocada final.
Chega de humilhações públicas. Chega de maus-tratos constantes. Chega de todo um programa que só visou partir a espinha da classe docente.
Não partiu, reforçou-a. Conseguindo transformar pequenas reuniões de professores em mega-manifestações de 25 mil pessoas. De 100 mil. De 120 mil. Conseguindo adesões de 90% a greves habitualmente pouco concorridas. Conseguindo unir uma classe tradicionalmente pouco activa.
Afinal, o que é que está em questão? Sinceramente, já não interessa. Foram anos a ouvir que «quando se dá uma bolacha a um rato, ele a seguir quer um copo de leite!» (Jorge Pedreira, Auditório da Estalagem do Sado, 16/11/2008); que «vocês [deputados do PS] estão a dar ouvidos a esses professorzecos» (Valter Lemos, Assembleia da República, 24/01/2008); que «caso haja grande número de professores a abandonar o ensino, sempre se poderiam recrutar novos no Brasil» (Jorge Pedreira, Novembro/2008); que “admito que perdi os professores, mas ganhei a opinião pública” (Maria de Lurdes Rodrigues, Junho/2006); que
«[os professores são] arruaceiros, covardes, são como o esparguete (depois de esticados, partem), só são valentes quando estão em grupo!» (Margarida Moreira - DREN, Viana do Castelo, 28/11/2008).
No que me diz respeito, estou completamente à vontade. Na blogosfera em geral, no meu blogue e no «5 Dias», já disse o que tinha a dizer sobre a senhora ministra, já fiz as críticas e já propus as alternativas. Percebo mais destas coisas do que a senhora ministra, que, à excepção dos anos em que fez o Curso do Magistério para poder ser professora primária com o 9.º ano, nunca entrou numa sala de aulas. Nunca teve trinta miúdos problemáticos à sua frente. Nunca se viu entregue à sua própria sorte. Nunca foi insultada olhos nos olhos.
A senhora ministra não aguentava uma semana.
Por isso é que digo que, chegados a este ponto, nada interessa. Mil propostas pode a senhora ministra fazer e mil propostas os professores recusarão. Pode a senhora ministra cobrir-se de ouro que os professores irão ver não mais do que latão.
É a guerra. A guerra total. E, por mais que digam, não há maneira de salvar a face das duas partes. Não há. Ou os professores ou a senhora ministra.
Quanto aos professores, nada têm a perder. Após uma campanha de intoxicação da opinião pública de quatro longos anos, os portugueses continuam a confiar muito mais nos professores (42%) do que nos políticos (7%). E os alunos confiam nos seus professores. É o que interessa. Podem ameaçar com processos disciplinares e com tudo o que quiserem - todos sabem que a lei nada prevê para quem não entregar os objectivos individuais.
Mas se os professores não têm nada a perder, já os senhores da governação estão aflitos. Há eleições daqui a cinco meses e aquela gente, que nunca fez mais nada na vida, não sabe viver sem o poder. Adoece. Definha. Morre.
O exemplo vem de cima e a melhor escola pública do país, a Infanta D. Maria, de Coimbra, voltou a reunir e voltou a decidir que o processo de avaliação vai continuar suspenso. As 458 escolas e agrupamentos que já tinham decidido a suspensão da avaliação irão certamente reafirmar a sua posição. Irão certamente manter a suspensão.
E no Sábado, na reunião dos Presidentes dos Conselhos Executivos, estou em crer que vai sair uma nova posição de força. De muita força. A demissão em bloco se necessário for. E os professores, acredito, sairão em socorro dos seus Presidentes.
Chegou a altura de acabar com isto de uma vez por todas. Antes que os alunos saiam prejudicados. Antes que isto se torne completamente ingovernável.
Os próximos dez dias serão decisivos. Os professores vencerão se não se amedrontarem. Se continuarem unidos. «Há momentos em que a única solução é desobedecer», disse em Abril de 74 aquele que nunca quis cargos. Nem poder. Nem dinheiro. E que pagou por isso. Sigam o seu exemplo.

* Texto publicado originalmente em www.5dias.net


publicado por Ricardo Santos Pinto às 10:37 | link do post | comentar

Quarta-feira, 07.01.09

Regressei na segunda-feira ao trabalho, após uma saborosa licença de paternidade de quase três meses.
E como no ano passado estive nas «Novas Oportunidades» e, aí, o trabalho é totalmente diferente (sobretudo de acompanhamento dos aprendentes - pois, é assim que os alunos são chamados), já não me lembrava do verdadeiro disparate em que está transformado hoje o ensino básico.
Tenho, entre várias turmas do Secundário e de Cursos Profissionais, três turmas do 8.º Ano. Quando olhei para o horário deles, fiquei espantado. Têm mais de 35 horas de aulas por semana. 35!!! Trabalham mais do que a maior parte das pessoas, porque depois, fora da escola, ainda têm de fazer os trabalhos para casa e de estudar no dia-a-dia e, sobretudo, na véspera dos testes.
A panóplia de disciplinas, por sua vez, é quase interminável: Português, Inglês, Francês ou Espanhol, História, Geografia, Matemática, Ciências Naturais, Físico-Química, Educação Tecnológica, Artes Plásticas, Educação Visual, Educação Física, Estudo Acompanhado, Área de Projecto, Educação para a Cidadania e Educação Moral e Religiosa Católica (ufa!). 16 disciplinas, 16 professores.
São miúdos com 13 anos, porra! Estão na idade de viver um pouco que seja, não de estarem enfiados dentro de uma sala de aula quase oito horas por dia. Para socializar, têm os intervalos e a hora de almoço, já que nem com as faltas dos professores podem contar (curvo-me respeitosamente perante essa excelente invenção, no fundo com mais de 10 anos, que foi a das aulas de substituição). Não lhes chega tanta socialização?
Nas escolas de província, como é a minha neste ano, o mais normal é esses alunos terem de se levantar antes das sete da manhã e chegarem a casa quase às oito da noite. É jantar e dormir - pouco mais.
E o que é que eu faço quando apanho uma turma de 28 alunos às 17 horas, uma única vez por semana, sabendo eu que eles já estão dentro de uma sala desde as 8.30 da manhã e que, pelos seus olhos, já passaram inúmeros professores, cada um com as suas matérias, as suas exigências e as suas manias?
Tudo isto para dizer que me recuso a marcar trabalhos para casa, os célebres TPC’s. Aproveito as aulas ao máximo, da maneira que sei, tentando sempre abrir-lhes os olhos para o mundo que os rodeia (para mim, é o mais importante). Que cheguem a casa e que descansem, que brinquem, que vejam televisão. Estão na idade disso! Já bastam os testes para terem de se preocupar.
Os meus alunos, a primeira coisa que me perguntaram foi de onde eu era. A segunda foi se, sendo do Porto, era portista. A terceira foi quando é que iam ser os testes.
Não marco TPC’s e pronto. Assim como assim, no fim do ano o Ministério quase que nos obriga a passar todos os alunos, por isso, se era para ser um indicador do aproveitamento e do esforço do aluno, vai dar ao mesmo.
Tenho pensado muitas vezes no projecto educativo da Escola da Ponte, na Vila das Aves. É único no país. Ali, respeita-se o ritmo de cada aluno. Não há propriamente disciplinas nem aulas, não há testes, o Conselho de Pais/Encarregados de Educação é o órgão de legitimação do Projecto e é ele que tem de resolver os problemas que não são passíveis de ser resolvidos dentro da escola. Voltarei ao assunto.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 17:46 | link do post | comentar

Terça-feira, 06.01.09

A democracia russa, todos o sabemos, é musculada. Estará mais perto de uma ditadura do que de uma democracia. Que o digam a jornalista Anna Politkovskaya ou o agente Alexandre Litvinenko , mortos a soldo do regime.
Desta vez, a vítmia foi o jornalista Roman Dobrokhotov. O supremo pecado do jornalista foi interromper o Presidente Medvedev quando este falava na televisão durante as comemorações do 15.º aniversário da Constituição. «Redução de quadros», foi a versão oficial para o despedimento.
Desta vez, Medvedev escapou ao ataque com um sapato. Tal tratamento é aplicado, por agora, lá mais para Oriente.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 16:07 | link do post | comentar

Sábado, 03.01.09

Não percebo por que razão os ex-gestores da Gebalis estão a ser tão criticados. Diz-se que usaram o cartão de crédito da empresa para almoçar e jantar em restaurantes de luxo por esse mundo fora.
Ora, como toda a gente sabe, nos restaurantes de luxo come-se muito pouco. Aquilo é só para encher a vista. Pratos muito bonitos e quase nada lá dentro. Quanta fome devem ter passado aqueles santos senhores!
Agora a sério: por que razão é que essas pessoas tinham cartão de crédito da empresa? E por que razão é que há empresas privadas, com tantos vereadores e funcionários municipais?
Para que a vergonha não passe impune, eis os seus nomes: Francisco Ribeiro, Mário Peças e Clara Costa. Não têm vergonha?


publicado por Ricardo Santos Pinto às 20:06 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sexta-feira, 02.01.09
Já terão reparado os meus leitores que, nos últimos dias, a assiduidade na actualização do blogue tem sido menor do que habitualmente.
Para os mais atentos, aqueles que não vieram aqui ter por acaso, a falta de assiduidade tem a ver com o facto de ter sido convidado para escrever noutro blogue, o «5 Dias», o quarto nas audiências no que diz respeito aos blogues de actualidades.
Compreenderão que, por agora, poste menos por aqui. Mas as injustiças, essas, comigo não passarão.
Seja onde for, aí estarei eu na linha da frente. Nesta minha casa ou na outra. Sempre.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 22:09 | link do post | comentar

Terça-feira, 30.12.08

Do «JN» de ontem:

«Como podia eu, com um coração tão vasto que, como canta Jacques Brel, só se consegue ver metade dele, deixar de acreditar no que me garantia há meses, olhos nos olhos, o primeiro-ministro, que "ninguém que esteja com o coração limpo, com o coração aberto, pode concluir que esta proposta do Governo de Código do Trabalho não se destina a combater a precariedade e a defender os trabalhadores"?

Foi, por isso, um tremendo choque para o meu pobre, "limpo" e "aberto" coração ficar a saber pelo Tribunal Constitucional que o alargamento de 90 para 180 dias do período experimental afinal "dificulta o acesso […] à segurança no emprego". A agitação que vai no meu coração, com aurículas e ventrículos recriminando-se mutuamente e a tricúspide mergulhada em profunda crise de confiança nas instituições! De tal modo que, quando quis convencer o coração de que, como o primeiro-ministro garante agora, "a avaliação dos professores é indispensável para a melhoria do sistema educativo em Portugal nos próximos anos", o coração, outrora crédulo, me fez - imagine-se! - um manguito. Ou talvez não tenha sido a mim.»

Manuel António Pina


publicado por Ricardo Santos Pinto às 12:24 | link do post | comentar

Sexta-feira, 26.12.08
Com este «post», acabam-se as minhas tréguas natalícias. Bem-vindos à realidade!



publicado por Ricardo Santos Pinto às 23:54 | link do post | comentar

Quarta-feira, 24.12.08

S. José - O filofax

«1 de Março
Hoje comprei um martelo de duas pontas e uma esposa. Não sei nada para que servem as duas pontas, mas é alemão.

11 de Março
Há muitos judeus na rua. A Maria demorou-se imenso tempo no mercado. Voltou ofegante e contou uma história complicadíssima de incidentes entre as varinas e os romanos. O preço da madeira está a subir. Onde é que isto vai parar?

20 de Março
Tudo voltou à normalidade. Maria foi buscar água, mas depois em vez de água, trouxe um líquido preto, que suja tudo e que ela diz que é inflamável, que parece que os sumérios estão cehios dele, que ainda vai valer uma fortuna... Às vezes pergunto-me se não terá um parafuso a menos. O que faz sentido... ai os parafusos ainda não foram inventados.

1 de Abril
A Maria contou-me uma coisa que não percebo nada. Mete um pombo, u anjo, um tal de Gabriel, uma tal de Isabel, um tal de Espírito Santo... Não percebi. Só sei é que vou ser pai.

2 de Abril
Toda a gente da aldeia me felicita. Nunca pensei que gostassem tanto de mim. Cada vez que entro num café todo o mundo se atira ao chão de riso. Que gente boa!

(...)

28 de Maio
A Maria voltou. Está mais gordinha. Volto de novo aquela história do pombo e do anjo. Continuo a não perceber nada.

16 de Junho
Já percebi. Parece que afinal nem eu sou pai nem ela está grávida. A notícia abalou-me tanto que fiquei a martelar até tarde.

27 de Junho
Afinal não tinha percebido. O que é que se passa é que ela está grávida mas continua virgem. Eu sou o pai, mas não sou o pai biológico. Agora cada vez que vou ao café, perguntam-me se quero um whisky biológico ou legal. São uns brincalhões, estes nazarenos. É o humor judeu!

(...)

21 de Agosto
A Maria e eu estivemos a fazer planos para o futuro do nosso filho. A Maria quer que seja um Messias. Eu preferia que fosse carpinteiro. Acabámos a discutir.

11 de Setembro
Fizemos as pazes. Rimos da estupidez da nossa discussão. Pois se, navolta, ainda nos sai uma filha...

28 de Setembro
Se for uma filha, a Maria quer que seja qualquer coisa menos virgem como ela. Eu preferia que fosse carpinteira. Acabámos a discutir.

(...)

19 de Outubro
As minhas preces foram atendidas. Contratei um aprendiz, e não tenho mãos a medir. Passamos os dois de manhã à noite a dar marteladas na oficina. Maria não se importa.

25 de Outubro
Maria está contente com a perspectiva do nascimento da criança. Tenho de falar com esse tal de Gabriel Espírito Santo para ver se chegamos a acordo. Quero que Maria tenha muitos filhos. Espero que ele faça um preço razoável.

11 de Novembro
O meu aprendiz é o máximo. Eu aos 15 anos não tinha nem metade da escola dele. Só não gosto quando se põe a falar mal da Maria. Eu não acho que ela seja «uma grande mentirosa». Tem muita imaginação, é tudo. Demos marteladas até tarde.

(...)

1 de Dezembro
Despedi o meu aprendiz. Tinha de ser, a Maria ameaçou fazer escândalo. Nem o argumento de que assim não ia chegar para as encomendas a comoveu.

24 de Dezembro
O Meridien, o Hilton e o Sheraton estão cheios. Ainda bem, assim poupamos uns sestércios. Eu sei que é um bocado semítico da minha parte, mas é mais forte do que eu. Felizmente a Maria gosta de animais, porque vamos ter que passar a noite numa manjedoura.

25 de Dezembro
Nasceu a criança, mesmo no feriado, tem graça. Espero que os funcionários da repartição não tenham feito ponte, senão vamos ter de ficar até Janeiro.

31 de Dezembro
Sacanas! E não é que fizeram mesmo ponte? Estes belenenses só crucificados... O que me consola ainda é a criança. Com a auréola que tem à volta da cabeça, vamos popuar imenso em electricidade. Que importa que nao seja minha?»

Carlos Quevedo e Rui Zink, in «Outros Belos Contos de Natal», Ediraia, 2004.


publicado por Ricardo Santos Pinto às 13:25 | link do post | comentar

Terça-feira, 23.12.08
Agora que só faltam dois dias para a noite de Natal, sinto-me como se tivesse visto cem episódios de «Uma Casa na Pradaria». O meu coração transborda de amor, amizade e paz de espírito.
Faltam só dois dias. Felizmente! Que isto de ter o coração cheio de amor, amizade e paz de espírito já começa a enjoar. Ninguém aguenta tanto.
Anseio por poder voltar a malhar nas injustiças que correm por aí. Não posso porque, como não sou político, cumpro as minhas promessas (ops!).
Enquanto esse momento não chega, fica uma música que me diz muito, por razões pessoais, que se prendem com o nascimento da minha filha. E um filme publicitário - versão de realizador - de uma grande amiga, com quem tenho partilhado bons e maus momentos ao longo dos anos.
Para ver ou rever.



publicado por Ricardo Santos Pinto às 01:07 | link do post | comentar

Segunda-feira, 22.12.08
Estou embuído do espírito natalício. Até ao Natal, não vou dizer mal de nada nem de ninguém. Vai ser só coisas bonitas, como dizia o outro, que isto aqui não é só acidez.
A primeira coisa bonita é este vídeo. Se a música é por demais conhecida - uma extraordinária canção de amor e de amizade, o vídeo não o é. Filmado num local lindíssimo de Lisboa, o Museu da Água, vai fazendo desfilar uma série de figuras que, no fundo, nos têm acompanhado ao longo de toda a vida. Jorge Palma e todos os outros.
Ou o valor da amizade vertido em filme. Lindo, muito lindo!



publicado por Ricardo Santos Pinto às 00:35 | link do post | comentar

Domingo, 21.12.08


«Com toda esta burocracia, o Governo está a estragar aquilo que poderia ser uma reforma interessante, porque em vez de colocar à frente dos agrupamentos de saúde cabeças pensantes, colocam lá cabeças de azeitona».

O autor da inspiradíssima frase foi Carlos Miranda, um deputado do PSD. Referia-se assim à nomeação de 74 «boys» para os Agrupamentos dos Centros de Saúde. Esses «boys» irão ser os directores executivos dos ACES, estruturas que vão passar a coordenar as redes locais de cuidados de saúde primários.
Nada de novo. Sabendo-se que em breve vão também ser nomeados directores para os Agrupamentos de escolas, a escassos meses das eleições legislativas.
Mais «boys», mais negociatas. Mais do mesmo. Sejam cabeças de azeitona, sejam cabeças de outra coisa qualquer.
E eu que nem gosto nada de azeitonas...


publicado por Ricardo Santos Pinto às 23:16 | link do post | comentar

Sexta-feira, 19.12.08
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5281580729199493090" />
A Assembleia da República acaba de aprovar novamente o Estatuto dos Açores. Exactamente igual à versão que tinha sido aprovada anteriormente e que o Presidente da República vetou duas vezes.
Para o primeiro-ministro e para o PS, é como se tivesse sido um cão a ladrar. Ou como Sócrates reduziu Cavaco à sua verdadeira insignificância.
Sabendo-se, como se sabe, que Cavaco é mais esperto a dormir do que Sócrates acordado, aguardam-se as cenas dos próximos capítulos.


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 16:02 | link do post | comentar | ver comentários (1)

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5281554523459316386" />
Pois, é uma prenda impossível para este Natal.
Vá-se lá saber porquê, desde que o livro foi publicado e rapidamente esgotou - 30 mil vendas só no primeiro dia - nunca mais foi reeditado. Apesar dos vários pedidos que, ao longo dos anos, têm sido feitos, a D. Quixote continua a não encarar essa possibilidade, que, diga-se, seria um sucesso garantido.
Eu próprio contactei a editora para saber da possibilidade de o livro ser reeditado, mas a resposta, assinada por Anabela Oliveira, do Apoio a Clientes, foi esclarecedora:
«Exmo Senhor,
Vimos pelo meio informar de que o livro "Contos Proibidos" se encontra esgotado e não temos de momento previsão de reedição.
Grata pela atenção dispensada
Com os melhores cumprimentos»
Se calhar, até se percebe por que razão não voltou a ser publicado. Como dizia o editor, Nelson de Matos, ao «Expresso», em Novembro de 2004, «foi o [livro] mais atrevido. Vendeu trinta mil exemplares no dia do seu lançamento. Teve todas as coberturas - não houve nem jornal, nem rádio, nem canal de televisão que não ocupasse uma grande parte do seu tempo com este livro. Foi um livro que me causou bastantes dificuldades pessoais.
- Pressões? Ameaças?
- Não digo pressões nem ameaças, mas mal-estares, comentários negativos. Algumas pessoas manifestaram o seu desgosto por eu ter tomado a decisão de o publicar. A todos expliquei que o livro existia, tratava uma questão importante, tinha revelações importantes e procurava ser sério ao ponto de as provar. Desse ponto de vista, achei que o livro merecia ser discutido na sociedade - e a sociedade que o recuse, o queime ou faça o que entender. Ou seja: eu não sou um censor!»

Pois, já que não há prenda para dar no Natal, teremos de nos contentar com a sua versão em PDF.
Para quem quiser ler: http://ferrao.org/documentos/Livro_Contos_Proibidos.pdf


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 11:47 | link do post | comentar

Quinta-feira, 18.12.08
«Senhor professor, é mesmo assim? Que horror. Os professores já sabem, para quê avaliá-los mais, e obrigar a reestudar o que já é sabido nos seus tempos para a família, preparação de aulas e merecido descanso». (Maria de Lurdes Rodrigues)


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 19:46 | link do post | comentar



SENHORA MINISTRA DA EDUCAÇÃO: COM RESPEITO, MAS COM FIRMEZA

«Minha querida Maria de Lurdes Rodrigues,

Ainda lembro esses dias em que foi minha discente em Antropologia. Bem sei que é Socióloga e que entende da interacção entre os membros de uma mesma cultura, ou, pelo menos, isso foi o que eu ensinei a si e aos seus colegas nos anos 90 do Século passado, nesses dias em que o meu português tinha esse sotaque que aparece nas cinco línguas que estou obrigado a falar e que a Maria de Lurdes muito bem entendia e ajudava a corrigir para eu aprender mais.

Ainda lembro a alegria das nossas conversas extracurriculares, no corredor do nosso ISCTE ou no meu Gabinete, ao me referir à sua dedicação adequada e conveniente, para o estudo das suas outras matérias. Mais ainda, os comentários, do meu grupo de colaboradores de Cátedra que comigo ensinavam, hoje todos doutores como a Maria de Lurdes, e os comentários dos meus colegas Sociólogos em outra matérias. Especialmente, os do meu grande amigo João Freire, que orientou a sua tese.

Se bem me recordo, connosco teve um alto valor como resultado dos seus estudos. Se bem me recordo, era do curso da noite no meu Departamento e na nossa Licenciatura. Por outras palavras, estudava, trabalhava para ganhar a vida e tomar conta da sua família. Por outras palavras também, era uma estudante trabalhadora e uma Senhora devota e dedicada ao lar, como muitos dos seus colegas masculinos e femininos.

A minha querida Maria de Lurdes aprendeu comigo e outros da minha Cátedra, de que o tempo era curto, temido e não dava para tudo. Reuniões, falta de livros na Biblioteca para estudar e investigar, o difícil que era entender a, por mim denominada, mente cultural dos estudantes e a dos seus pais, o inenarrável suplício de saber o que pensavam e os parâmetros que orientavam essas mentes.

Não esqueço as suas queixas sobre os pedidos do Ministério da Educação que pesavam uma tonelada ideológica e estrutural, na organização dos trabalhos dos docentes primários e secundários, que nem tempo tinham para entender a mente cultural dos seus discípulos ao serem mudados todos os anos para outras escolas.

O nosso convívio era aberto e directo. Estou feliz por isso. Aliás, feliz, porque pensava em silêncio: "cá temos uma futura grande educadora". Apenas que, enveredou para a engenharia da interacção social, ao estudar com o meu querido amigo João Freire. E o problema nasceu.

Os professores primários e secundários devem preparar as sua lições, como Maria de Lurdes sabe, especialmente os do ensino especial ou inclusivo, que trata de estudantes com problemas de aprendizagem e precisam trabalhar desde as 8 da manhã até por vezes às 9 da noite. Esse ensino inclusivo de João de Deus, da Subsecretária de Estado, Ana Maria Toscano de Bénard da Costa, da sua colega no saber e no posicionamento partidário do Ministério da Educação, a minha grande amiga Ana Benavente, ou do meu outro grande amigo, o seu colega ideológico e no cargo de Ministro da Educação em 2000, Augusto Santos Silva, que nos foi "roubado" ao passar para a vida política.

Lembro-me, ainda, como simpatizava com a minha luta de Socialista de Allende, por outras palavras, Socialista orientado pelas ideias históricas de Marx, tal e qual Durkheim e Mauss, mencheviques, colaboradores de Lenin para derrubar o regime injusto e arbitrário dos Romanoff, como demostro no meu livro de 2007, da Afrontamento: A Dádiva, essa grande mentira social, do qual lhe enviarei uma cópia, escrito calmamente, para comentar o que comentava consigo como minha discente, os atropelos dos Czares serem semelhantes ao do ditador do Chile, quem entregara as escolas às juntas de freguesia, denominadas municípios, e obrigava a relatórios semanais para controlar a docência do Chile e assim obter o prometido: "nem uma folha mexe no Chile sem o meu consentimento".

Ainda lembro os seus comentários horrorizados: "Senhor professor, é mesmo assim? Que horror. Os professores já sabem, para quê avaliá-los mais, e obrigar a reestudar o que já é sabido nos seus tempos para a família, preparação de aulas e merecido descanso".

A Maria de Lurdes esqueceu acrescentar, nessas as nossas conversas, que os docentes eram avaliados pela educação que recebiam os seus filhos. Mas, como boa engenheira da sociedade, entendia que os sindicatos deviam protestar quando o poder ultrapassa o afazer, já imenso e pesado, dos docentes, especialmente, do ensino especial e inclusivo, e os de classe social.

Maria de Lurdes, tenho estado interessado, como etnopsicólogo, nas recentes notícias sobre a Educação em Portugal. Foi preciso adiar a entrega de teses dos meus mestrantes, para não cair na armadilha de uma especial ditadura, pura e dura, como no Chile de Pinochet. De certeza, deve haver um engano em certos sítios.

Maria de Lurdes, se a pessoa Ministro da Educação sabe que é preciso entender essa mente cultural de estudantes e os seus pais, sabe também como um dado adquirido, que esse facto acontece apenas pela necessidade de se prepararem os docentes para ensinar.

Como educador, conheço bem essa preparação, tal e qual a Engenheira Social, especialidade que a louva, sabe que já está tudo preparado faz tempo, para a divisão do trabalho, sem acrescentar mais deveres aos docentes primários e secundários, que vivem em sessões que atrasam e arrasam a sua preparação de lições, hostiliza os sindicatos e, além do mais, importamos desde o Chile esse modelo puro e duro já referido, da morta ditadura. Ou, reabilitamos a nossa em Portugal e tiramos os cravos das espingardas do 25 de Abril.

Com carinho, com respeito, mas com firme persistência, do seu velho Professor, a se restabelecer de uma doença que mata rapidamente, especialmente se não falamos pelos nossos.

Os meus parabéns. Foi-nos roubada, como Presidenta do nosso ictesiano Conselho Científico, para entrarmos todos em sarilhos muito disputados, que causam esta conversa nossa de corredor, desta vez, em formato de papel, uma carta para si, escrita com carinho, mas com firmeza em prol dos professores portugueses.
Abraço querido e, como era habitual, um beijinho para si!, do seu recuperado velho professor.»

Raul Iturra


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 19:38 | link do post | comentar

Quarta-feira, 17.12.08

Em Junho, o Conselho Europeu aprovou um diploma que abria a possibilidade à semana laboral de 65 horas. Um diploma que, de resto, o Parlamento Europeu acaba de chumbar.
Fazendo jus à sua matriz socialista, o Governo português... absteve-se.
Não votando contra, acabou por caucionar mais uma medida atentatória dos direitos dos trabalhadores europeus. Uma medida que, a ser concretizada, iria aumentar em muito o desemprego, quando é precisamente esse - porque ameaçador da paz social - um dos principais problemas do «velho continente».
Não aprendem nada com o que se está a passar na Grécia?
Para além das 65 horas semanais, o diploma previa ainda que o período inactivo do tempo de permanência não era considerado tempo de trabalho. Algo que o Executivo nacional, pelos vistos, não achava mal.
E essa votação do Governo português - mais uma que confirma a sua ideologia - fica registada para a história, mesmo que Vieira da Silva, com toda a «lata» que um político sabe ter, venha agora dizer que o Governo português não votou a favor.
Pois não, mas também não votou contra!


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 17:17 | link do post | comentar



Do jornal «Metro» de segunda-feira:

«AFINAL NETBOOKS NÃO SÃO O FUTURO: INTEL VAI REPENSAR A SUA ESTRATÉGIA PARA OS COMPUTADORES PORTÁTEIS
Um computador portátil, leve, eficiente e barato e ligado à Internet "só é giro por uma hora". (...) A tendência das tecnologias cada vez mais portáteis parecia ser o rumo a seguir, mas a Intel, uma das empresas mais influentes no desenvolvimento do mercado de computadores, acha que o futuro não passa pelos netbooks e vai repensar a sua estratégia. (...)
"Se alguma vez usaram um netbook com um ecrã de dez polegadas, já sabem: é giro por uma hora. Não é algo que vão querer usar o dia inteiro", acrescentou [Stu Pann, vice-presidente para Vendas e Marketing da Intel].
Também a AMD, concorrente da Intel no mercado dos microprocessadores, decidiu ignorar o fenómeno dos Netbooks, que têm, segundo declarações da empresa ao site CNet, provocado insatisfação por parte dos consumidores, revelada no alto índice de devoluções.»

Logo agora, que os assessores do primeiro-ministro se estavam a adaptar tão bem ao Magalhães...


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 10:05 | link do post | comentar

Terça-feira, 16.12.08


«Matrioshki» - ou «Matroesjka's» em holandês - é uma série belga produzida na região da Flandres. Retrata uma rede de prostituição liderada pelo mafioso Ray van Mechelen (entretanto assassinado) e constituída por raparigas recrutadas no leste da Europa e na Ásia.
Escravas sexuais, sabendo ou não o que as espera, o destino delas é sempre o mesmo. Quando chegam à Bélgica, são-lhes retirados os documentos e passam a ser alvo de violência física e psicológica. Estão num país que não conhecem e cuja língua não dominam. Muitas delas, de resto, nem Inglês falam.
O tráfico humano, aqui retratado de forma crua, realista e muito violenta. Muito longe dos habituais estereótipos das séries norte-americanas. Todas as quartas-feiras, na Fox Crime.
E quantas vezes, nas nossas cidades, não passaremos por mulheres nesta situação?


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 23:45 | link do post | comentar

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280404142413239858" />
Um episódio esclarecedor que não vi minimamente explorado na imprensa ou na blogosfera.
Na última sexta-feira, estiveram as Ministras da Saúde e da Educação, no Centro Nacional de Cultura, a apresentar um novo programa de combate à SIDA nas escolas. A protagonista era Ana Jorge, mas, aproveitando a presença de Maria de Lurdes Rodrigues, um jornalista atreveu-se a fazer-lhe uma pergunta.
Resposta pronta e agressiva de Ana Jorge:

«O quê? O senhor não sabe o que está combinado? Que hoje só se pode fazer perguntas sobre esta cerimónia e sobre o plano de combate à sida nas escolas? Ainda por cima é a RTP, a televisão pública, a fazer uma coisa destas. E, depois, logo à noite, não sai a reportagem.»

O senhor jornalista da RTP não sabe o que está combinado? Mas o que é que estava combinado? E por que é que estava combinado? E com quem é que fora combinado? E com que direito é que fora combinado?
Um episódio elucidativo, ou a forma muito peculiar como este Governo vê a liberdade de imprensa. Se ainda fosse de uma privada, mas da RTP?? Da RTP???


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 14:49 | link do post | comentar | ver comentários (1)


Pela blogosfera, é evidente a satisfação e o entusiasmo com que foi encarado o atentado de que foi alvo o presidente Bush. Atentado perpretado, relembre-se, com a ajuda de dois sapatos.
Para além de se registar aqui a fraca pontaria do franco-atirador, compare-se a preocupação, a revolta e o desespero com que foi encarado o gravíssimo atentado contra a Ministra da Educação em Fafe. Perpretado, relembre-se, com a ajuda de algumas dúzias de ovos.
O que mudou para que as Virgens, então tão ofendidas, tenham sentido agora tanta alegria? Será que a opinião que têm de cada uma das sinistras personagens influenciou a sua avaliação dos acontecimentos?


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 09:30 | link do post | comentar

Segunda-feira, 15.12.08
border=0>
Este texto foi publicado pelo jornalista Joaquim Vieira na «Grande Reportagem» entre 3 de Setembro e 1 de Outubro de 2005. Curiosamente, duas semanas depois, o jornalista foi demitido e, um mês depois, a histórica revista terminou a sua publicação. Até hoje.


O POLVO,
po Joaquim Vieira


«Além da brigada do reumático que é agora a sua comissão, outra faceta distingue esta candidatura de Mário Soares a Belém das anteriores: surge após a edição de Contos Proibidos - Memórias de Um PS Desconhecido, do seu ex-companheiro de partido Rui Mateus. O livro, que noutra democracia europeia daria escândalo e inquérito judicial, veio a público nos últimos meses do segundo mandato presidencial de Soares e foi ignorado pelos poderes da República. Em síntese, que diz Mateus? Que, após ganhar as primeiras presidenciais, em 1986, Soares fundou com alguns amigos políticos um grupo empresarial destinado a usar os fundos financeiros remanescentes da campanha. Que a esse grupo competia canalizar apoios monetários antes dirigidos ao PS, tanto mais que Soares detestava quem lhe sucedeu no partido, Vítor Constâncio (um anti-soarista), e procurava uma dócil alternativa a essa liderança. Que um dos objectivos da recolha de dinheiros era financiar a reeleição de Soares. Que, não podendo presidir ao grupo por razões óbvias, Soares colocou os amigos como testas-de-ferro, embora reunisse amiúde com eles para orientar a estratégia das empresas, tanto em Belém como nas suas residências particulares. Que, no exercício do seu «magistério de influência» (palavras suas, noutro contexto), convocou alguns magnatas internacionais - Rupert Murdoch, Silvio Berlusconi, Robert Maxwell e Stanley Ho - para o visitarem na Presidência da República e se associarem ao grupo, a troco de avultadas quantias que pagariam para facilitação dos seus investimentos em Portugal. Note-se que o «Presidente de todos os portugueses» não convidou os empresários a investir na economia nacional, mas apenas no seu grupo, apesar de os contribuintes suportarem despesas da estada. Que moral tem um país para criticar Avelino Ferreira Torres, Isaltino Morais, Valentim Loureiro ou Fátima Felgueiras se acha normal uma candidatura presidencial manchada por estas revelações? E que foi feito dos negócios do Presidente Soares? Pela relevância do tema, ficará para próximo desenvolvimento.

A rede de negócios que Soares dirigiu enquanto Presidente foi sedeada na empresa Emaudio, agrupando um núcleo de próximos seus, dos quais António Almeida Santos, eterna ponte entre política e vida económica, Carlos Melancia, seu ex-ministro, e o próprio filho, João.
A figura central era Rui Mateus, que detinha 60 mil acções da Fundação de Relações Internacionais (subtraída por Soares à influência do PS após abandonar a sua liderança), as quais eram do Presidente mas de que fizera o outro fiel depositário na sua permanência em Belém – relata Mateus em Contos Proibidos.
Soares controlaria assim a Emaudio pelo seu principal testa-de-ferro no grupo empresarial.
Diz Mateus que o Presidente queria investir nos média: daí o convite inicial para Sílvio Berlusconi (o grande senhor da TV italiana, mas ainda longe de conquistar o governo) visitar Belém.
Acordou-se a sua entrada com 40% numa empresa em que o grupo de Soares reteria o resto, mas tudo se gorou por divergências no investimento.
Soares tentou então a sorte com Rupert Murdoch, que chegou a Lisboa munido de um memorando interno sobre a associação a “amigos íntimos e apoiantes do Presidente Soares”, com vista a “garantir o controlo de interesses nos média favoráveis ao Presidente Soares e, assumimos, apoiar a sua reeleição”.
Interpôs-se porém outro magnata, Robert Maxwell, arqui-rival de Murdoch, que invocou em Belém credenciais socialistas.
Soares daria ordem para se fazer o negócio com este.
O empresário inglês passou a enviar à Emaudio 30 mil euros mensais.
Apesar de os projectos tardarem, a equipa de Soares garantira o seu “mensalão”.
Só há quatro anos foi criminalizado o tráfico de influências em Portugal, com a adesão à Convenção Penal Europeia contra a Corrupção.
Mas a ética política é um valor permanente, e as suas violações não prescrevem.
Daí a actualidade destes factos, com a recandidatura de Soares.
O então Presidente ficaria aliás nervoso com a entrada em cena das autoridades judiciais – episódio a merecer análise própria.

A empresa Emaudio, dirigida na sombra pelo Presidente Soares, arrancou pouco após a sua eleição e, segundo Rui Mateus em Contos Proibidos, contava “com muitas dezenas de milhares de contos “oferecidos” por (Robert) Maxwell (…), consideráveis valores oriundos do “ex-MASP” e uma importante contribuição de uma empresa próxima de Almeida Santos.”
Ao nomear governador de Macau um homem da Emaudio, Carlos Melancia, Soares permite juntar no território administração pública e negócios privados.
Acena-se a Maxwell a entrega da estação pública de TV local, com a promessa de fabulosas receitas publicitárias.
Mas, face a dificuldades técnicas, o inglês, tido por Mateus como “um dos grandes vigaristas internacionais”, recua.
O esquema vem a público, e Soares acusa os gestores da Emaudio de lhe causarem perda de popularidade, anuncia-lhes alterações ao projecto e exige a Mateus as acções de que é depositário e permitem controlar a empresa.
O testa-de-ferro, fiel soarista, será cilindrado – tal como há semanas sucedeu noutro contexto a Manuel Alegre.
Mas antes resiste, recusando devolver as acções e esperando a reformulação do negócio.
E, quando uma empresa reclama por não ter contrapartida dos 50 mil contos (250 mil euros) pagos para obter um contrato na construção do novo aeroporto de Macau, Mateus propõe o envio do fax a Melancia exigindo a devolução da verba.
O Governador cala-se.
Almeida Santos leva a mensagem a Soares, que também se cala.
Então Mateus dá o documento a 'O Independente', daqui nascendo o “escândalo do fax de Macau”.
Em plena visita de Estado a Marrocos, ao saber que o Ministério Público está a revistar a sede da Emaudio, o Presidente envia de urgência a Lisboa Almeida Santos (membro da sua comitiva) para minimizar os estragos.
Mas o processo é inevitável.
Se Melancia acaba absolvido, Mateus e colegas são condenados como corruptores.
Uma das revelações mais curiosas do seu livro é que o suborno (sob o eufemismo de “dádiva pública”) não se destinou de facto a Melancia mas “à Emaudio ou a quem o Presidente da República decidisse”.
Quem afinal devia ser réu?
Os factos nem parecem muito difíceis de confirmar, ou desmentir, e no entanto é mais fácil - mais confortável - ignorá-los, não se confia na justiça ou porque não se acredita que funcione em tempo útil, ou por que se tem medo que funcione, em vida, e as dúvidas, os boatos, os rumores, a 'fama' persistem.
E é assim, passo a passo, que lentamente se vai destruíndo de vez a confiança dos portugueses nas instituições.
Por incúria, por medo, por desleixo, até por arrogância, porventura de fantasmas e até... da própria sombra.

Ao investigar o caso de corrupção na base do “fax de Macau”, o Ministério Público entreviu a dimensão da rede dos negócios então dirigidos pelo Presidente Soares desde Belém. A investigação foi encabeçada por António Rodrigues Maximiano, Procurador-geral adjunto da República, que a dada altura se confrontou com a eventualidade de inquirir o próprio Soares.
Questão demasiado sensível, que Maximiano colocou ao então Procurador-geral da República, Narciso da Cunha Rodrigues. Dar esse passo era abrir a Caixa de Pandora, implicando uma investigação ao financiamento dos partidos políticos, não só do PS mas também do PSD – há quase uma década repartindo os governos entre si. A previsão era catastrófica: operação “mãos limpas” à italiana, colapso do regime, república dos Juízes.
Cunha Rodrigues, envolvido em conciliábulos com Soares em Belém, optou pela versão mínima: deixar de fora o Presidente e limitar o caso a apurar se o Governador de Macau, Carlos Melancia, recebera um suborno de 250 mil euros.
Entretanto, já Robert Maxwel abandonara a parceria com o grupo empresarial de Soares, explicando a decisão em carta ao próprio Presidente. Mas logo a seguir surge Stanley Ho a querer associar-se ao grupo soarista, intenção que segundo relata Rui Mateus em Contos Proibidos, o magnata dos casinos de Macau lhe comunica “após consulta ao Presidente da República, que ele sintomaticamente apelida de boss.
Só que Mateus cai em desgraça, e Ho negociará o seu apoio com o próprio Soares, durante uma “presidência aberta” que este efectua na Guarda. Acrescenta Mateus no livro que o grupo de Soares queria ligar-se a Ho e à Interfina (uma empresa portuguesa arregimentada por Almeida Santos) no gigantesco projecto de assoreamento e desenvolvimento urbanístico da baía da Praia Grande, em Macau, lançado ainda por Melancia, e onde estavam “previstos lucros de milhões de contos”.
Com estas operações, esclarece ainda Mateus, o Presidente fortalecia uma nova instituição: a Fundação Mário Soares. Inverosímil? Nada foi desmentido pelos envolvidos, nem nunca será.

As revelações de Rui Mateus sobre os negócios do Presidente Soares, em Contos Proibidos, tiveram impacto político nulo e nenhuns efeitos. Em vez de investigar práticas porventura ilícitas de um Chefe de Estado, os jornalistas preferiram crucificar o autor pela “traição” a Soares (uma tese académica elaborada por Estrela Serrano, ex-assessora de imprensa em Belém, revelou as estratégias de sedução do Presidente sobre uma comunicação social que sempre o tratou com indulgência.)
Da parte dos soaristas, imperou a lei do silêncio: comentar o tema era dar o flanco a uma fragilidade imprevisível. Quando o livro saiu, a RTP procurou um dos visados para um frente-a-frente com Mateus – todos recusaram. A omertá mantém-se: o desejo dos apoiantes de Soares é varrer para debaixo do tapete esta história (i)moral da III República, e o próprio, se interrogado sobre o assunto, dirá que não fala sobre minudências, mas sobre os grandes problemas da Nação.
Com a questão esquecida, Soares terminou em glória uma histórica carreira política, mas o anúncio da sua recandidatura veio acordar velhos fantasmas. O mandatário, Vasco Vieira de Almeida, foi o autor do acordo entre a Emaudio e Robert Maxwell. Na cerimónia do Altis, viram-se figuras centrais dos negócios soaristas, como Almeida Santos ou Ílidio Pinho, que o Presidente fizera aliar a Maxwell. Dos notáveis próximos da candidatura do “pai da pátria”, há também homens da administração de Macau sob a tutela de Soares, como António Vitorino e Jorge Coelho, actuais eminências pardas do PS, ou Carlos Monjardino, conselheiro para a gestão dos fundos soaristas e presidente de uma fundação formada com os dinheiros de Stanley Ho.
Outros ex-“macaenses” influentes são o ministro da Justiça Alberto Costa, que, como director do Gabinete da Justiça do território, interveio para minorar os estragos entre o soarismo e a Emaudio, ou o presidente da CGD por nomeação de Sócrates, que o Governador Melancia pôs à frente das obras do aeroporto de Macau.
Será o Polvo apenas uma teoria de conspiração?
E depois, Macau, sempre Macau.»



Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 14:39 | link do post | comentar

Sábado, 13.12.08


Do programa de ontem dos «Contemporâneos», via «5 Dias»


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 11:54 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quinta-feira, 11.12.08


É a lei da vida. Chegamos a uma altura em que perdemos a lucidez. Ficamos senis. Velhos. Acabados.
Aquela que outrora foi a sua grande qualidade, a lucidez, Mário Soares perdeu-a.
A lucidez que lhe permitiu escapar à PIDE e passar um bom par de anos, num exílio dourado, em hotéis de luxo de Paris.
A lucidez que lhe permitiu conduzir da forma «brilhante» que se viu o processo de descolonização.
A lucidez que lhe permitiu conseguir que os Estados Unidos financiassem o PS durante o seu primeiro Governo minoritário.
A lucidez que o fez meter o socialismo na gaveta durante a sua experiência governativa.
A lucidez que lhe permitiu governar sem ler os «dossiers».
A lucidez que lhe permitiu não voltar a ser primeiro-ministro depois de tão fantástico desempenho no cargo.
A lucidez que lhe permitiu pôr-se a jeito para ser agredido na Marinha Grande e, dessa forma, vitimizar-se aos olhos da opinião pública e vencer as eleições presidenciais.
A lucidez que lhe permitiu, após a vitória nessas eleições, fundar um grupo empresarial, a Emaudio, com «testas de ferro» no comando e um conjunto de negócios obscuros que envolveram grandes magnatas internacionais.
A lucidez que lhe permitiu utilizar a Emaudio para financiar a sua segunda campanha presidencial.
A lucidez que lhe permitiu nomear para Governador de Macau Carlos Melancia, um dos homens da Emaudio.
A lucidez que lhe permitiu passar incólume ao caso Emaudio e ao caso Aeroporto de Macau e, ao mesmo tempo, dar os primeiros passos para uma Fundação na sua fase pós-presidencial.
A lucidez que lhe permitiu ler o livro de Rui Mateus, «Contos Proibidos», e ter a sorte de esse mesmo livro, depois de esgotado, jamais voltar a ser publicado.
A lucidez que lhe permitiu passar incólume às «ligações perigosas» com Angola, ligações essas que quase lhe roubaram o filho no célebre acidente de avião na Jamba (avião esse carregado de diamantes, no dizer do Ministro da Comunicação Social de Angola).
A lucidez que lhe permitiu, durante a sua passagem por Belém, visitar 57 países («record» absoluto para a Espanha - 24 vezes - e França - 21), num total equivalente a 22 voltas ao mundo (mais de 992 mil quilómetros).
A lucidez que lhe permitiu visitar as Seychelles, esse território de grande importância estratégica para Portugal.
A lucidez que lhe permitiu, no final destas viagens, levar para a Casa-Museu João Soares uma grande parte dos valiosos presentes oferecidos oficialmente ao Presidente da República Portuguesa.
A lucidez que lhe permitiu guardar esses presentes numa caixa-forte blindada daquela Casa, em vez de os guardar no Mseu da Presidência da República.
A lucidez que lhe permite, ainda hoje, ter 24 horas por dia de vigilância paga pelo Estado nas suas casas de Nafarros, Vau e Campo Grande.
A lucidez que lhe permitiu, abandonada a Presidência da República, constituir a Fundação Mário Soares. Uma fundação de Direito privado, que, vivendo à custa de subsídios do Estado, tem apenas como única função visível ser depósito de documentos valiosos de Mário Soares. Os mesmos que, se são valiosos, deviam estar na Torre do Tombo.
A lucidez que lhe permitiu construir o edifício-sede da Fundação violando o PDM de Lisboa, segundo um relatório do IGAT, que decretou a nulidade da licença de obras.
A lucidez que lhe permitiu conseguir que o processo das velhas construções que ali existiam e que se encontrava no Arquivo Municipal fosse requisitado pelo filho e que acabasse por desaparecer convenientemente num incêndio dos Paços do Concelho.
A lucidez que lhe permitiu receber do Estado, ao longo dos últimos anos, donativos e subsídios superiores a um milhão de contos.
A lucidez que lhe permitiu receber, entre os vários subsídios, um de quinhentos mil contos, do Governo Guterres, para a criação de um auditório, uma biblioteca e um arquivo num edifício cedido pela Câmara de Lisboa.
A lucidez que lhe permitiu receber, entre 1995 e 2005, uma subvenção anual da Câmara Municipal de Lisboa, na qual o seu filho era Vereador e Presidente.
A lucidez que lhe permitiu que o Estado lhe arrendasse e lhe pagasse um gabinete, a que tinha direito como ex-Presidente da República, na... Fundação Mário Soares.
A lucidez que lhe permite, ainda hoje, receber quase 4 mil euros mensais da Câmara Municipal de Leiria.
A lucidez que lhe permitiu fazer obras no Colégio Moderno, propriedade da família, sem licença municipal, numa altura em que o Presidente era... João Soares.
A lucidez que lhe permitiu silenciar, através de pressões sobre o director do «Público», José Manuel Fernandes, a investigação jornalística que José António Cerejo começara a publicar sobre o tema.
A lucidez que lhe permitiu candidatar-se a Presidente do Parlamento Europeu e chamar dona de casa, durante a campanha, à vencedora Nicole Fontaine.
A lucidez que lhe permitiu considerar José Sócrates «o pior do guterrismo» e ignorar hoje em dia tal frase como se nada fosse.
A lucidez que lhe permitiu passar por cima de um amigo, Manuel Alegre, para concorrer às eleições presidenciais uma última vez.
A lucidez que lhe permitiu, então, fazer mais um frete ao Partido Socialista.
A lucidez que lhe permitiu ler os artigos «O Polvo» de Joaquim Vieira na «Grande Reportagem», baseados no livro de Rui Mateus, e assistir, logo a seguir, ao despedimento do jornalista e ao fim da revista.
A lucidez que lhe permitiu passar incólume depois de apelar ao voto no filho, em pleno dia de eleições, nas últimas Autárquicas.
No final de uma vida de lucidez, o que resta a Mário Soares? Resta um punhado de momentos em que a lucidez vem e vai. Vem e vai. Vem e vai. Vai... e não volta mais.


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 09:47 | link do post | comentar | ver comentários (6)

Quarta-feira, 10.12.08


Não me parece que, ao comparar o modelo de avaliação português com o chileno, haja qualquer preconceito contra o Chile. Pelo contrário. No que me toca, admiro os escritores chilenos e toda aquela atmosfera - cores, sons e cheiros - que nos é transmitida pelos livros de Isabel Allende ou de Luis Sepulveda. Aliás, a página 73 da «Casa dos Espíritos» de Allende (edição Difel) nunca me saiu da cabeça. Um «guisado afrodisíaco» que um dia - prometo a mim mesmo há anos - ainda hei-de experimentar, nem que para isso tenha de deixar de ser vegetariano por um dia.
Uma questão diferente é considerar que o Chile é um país-modelo nestas questões. Pessoalmente, continuo a pensar que, em termos de educação, os países da Europa desenvolvida são o exemplo a seguir. O próprio Governo o admitiu, ao falar no fim das retenções até ao 9.º ano, como acontece na Finlândia.
Ora, na Áustria, Bélgica, Chipre, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Irlanda, Itália, Islândia, Liechtenstein, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Reino Unido (Escócia) e Suécia; Eslováquia, Hungria e Letónia, não existe sistema de avaliação de professores. Nalguns destes casos, são as escolas que são avaliadas, não os professores.
Mas nem sequer acho que devíamos ir por aí. Penso que deve haver um modelo de avaliação, sim, mas que distinga os bons dos maus e que não seja apenas um monte de burocracia. Já publiquei várias vezes o modelo que defendo, sem papelada, mas muito exigente e excelente para promover o sucesso da educação e dos alunos, que devia ser o único propósito de qualquer modelo de avaliação de professores.
Mas não é. O único propósito deste modelo de avaliação é, para além da obsessão com os números / estatísticas / grelhas / impressos, impedir o acesso dos professores ao topo da carreira.
E reparem que não defendo que todos possam chegar ao topo. Só que é diferente haver quotas na avaliação e quotas na progressão. Ou seja: se dois professores são muito bons, devem ter os dois MUITO BOM. A partir daí, o Governo tem toda a liberdade para fixar o número de vagas para ascensão à categoria seguinte.

Ainda em relação ao Chile: com todo o respeito pelo Filipe Moura, do «5 Dias», continuo a pensar que o modelo de avaliação chileno é de inspiração clara da ditadura de Pinochet. As medidas de fundo começaram a ser esboçadas ainda durante o seu Governo, como refere Raul Iturra na carta aberta à Ministra da Educação.
Aliás, seria ingénuo pensar que os tentáculos e as influências de Pinochet terminaram no momento exacto em que ele entregou o poder. Aliás, é elucidativo que, até 1998, Pinochet tenha continuado a ser o mais alto responsável pelas Forças Armadas do país, altura em que passou a ocupar o lugar de Senador no Congresso chileno.
E basta ver que o poder passou de Pinochet para Patrício Aylwin, que apoiou o golpe contra Salvador Allende em 1973. Durante muito tempo, no Chile, o Regime Militar é que continuou a dominar. A administração local estava ainda nas mãos de pessoas designadas por Pinochet e o próprio continuava a ser o chefe das Forças Armadas.
Aliás, Francisco Rojas, director da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais e um dos mais importantes analistas políticos do país, dizia em 1998 que, «para chegar à democracia plena, o Chile ainda precisa de uma reforma constitucional, além de superar a vocação autoritária, enraizada não só nas Forças Armadas, mas em toda a sociedade chilena» e que «as paixões estão envolvidas em certos simbolismos vinculados à situação actual, que mostra que a figura do general Pinochet continua influenciando os chilenos.»
Como referiu em 2007 Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, «o Chile ainda adopta o modelo educacional criado no final da década de 80 pelo ditador falecido Augusto Pinochet, com pequenas alterações.»
Em Julho de 2008, Juan Guzmán, o juiz que processou Augusto Pinochet, afirmou que «mesmo depois de 18 anos do fim da sangrenta ditadura, tem-se avançado muito pouco na direcção de uma verdadeira democracia, porque ainda hoje se mantém vigente a Constituição de Pinochet e uma Corte Suprema que colaborou com a ditadura militar.
O juiz declarou que o Chile ainda se rege pela “constituição elaborada pela ditadura de Pinochet, que cria instituições pinochetistas e permite que uma minoria autoritária continue ditando leis na República democrática”. Segundo Guzmán, desde 1990, quando Pinochet deixou o poder depois de 17 anos no comando do Estado chileno, muito pouco se transformou na estrutura jurídica e legislativa do país.»
Notícia de Junho deste ano publicada no MNN: «Há mais de dois meses estudantes e professores chilenos têm-se mobilizado numa luta incessante contra a aprovação da reforma educacional proposta pela presidente Bachelet. A Lei Geral da Educação (LGE), que vem sendo discutida desde 2006, foi aprovada pelos parlamentares na última semana. Essa nova legislação surge para substituir a Lei Orgânica Constitucional da Educação (LOCE), que vigora no país desde a ditadura de Pinochet.
Como já explicitado em artigos anteriores, os protestos dos estudantes e professores têm ocorrido constantemente desde o final de Abril. Eles acusam a nova legislação de ser apenas uma adaptação da velha lei de Pinochet. Com a reforma educacional, Bachelet estaria, então, apenas dando continuidade ao projecto do ditador.
Entre os dias 16 e 19, ocorreu a segunda greve dos professores chilenos. O objectivo da paralisação era evitar a aprovação da reforma educacional no parlamento. Segundo os organizadores, 80% dos professores teriam aderido à greve. Jaime Gajardo, presidente do Colégio dos Professores, afirmou que: “Estamos falando de milhares e milhares de pessoas. Reunimos facilmente 15 mil na Plaza de Armas, além de estudantes e de outros grupos, mas apenas 10 mil professores se mobilizaram”.
Diante da grande mobilização, a Ministra da Educação, Mónica Jimenez, afirmou que foi baixa a adesão dos professores à greve. Todavia, desmentindo a ministra, as estatísticas do secretário regional ministerial da educação (SEREMI), Victor Schuffeneger, confirmaram que 80% das escolas metropolitanas não tiveram aulas.
Combatendo as críticas da ministra, Gajardo afirmou que: “O pior caminho que a ministra pode seguir é o de continuar insistindo que estas mobilizações almejam outros fins, e o de não reconhecer que o que temos aqui é uma reivindicação generalizada da sociedade para que se realizem mudanças substanciais no sistema de ensino. Existe um consenso, porque nós temos feito consultas com líderes regionais e as mobilizações têm o objectivo de retirar a LGE do parlamento, de modo a superar as limitações do actual projecto em discussão”. Contudo, mesmo diante das grandes mobilizações, o parlamento aprovou a reforma que agora segue para o senado.
Ou estoutra notícia: «Como noticiamos em edições anteriores, há mais de dois meses o Chile vem sendo palco de manifestações e protestos de estudantes e professores contrários à reforma educacional. Segundo os manifestantes, a legislação educacional de Bachelet não atende as reivindicações para que se construa uma educação pública e de qualidade. A nova legislação seria apenas a continuidade da lei educacional de Pinochet, que vigora no Chile desde 1990.
Mesmo após o parlamento chileno ter aprovado a nova legislação educacional, estudantes e professores chilenos seguem em luta nas principais cidades chilenas. Colégios e universidades continuam ocupados, assembleias com centenas de estudantes têm sido realizadas e muitas avenidas tomadas pela marcha contra a Lei Geral da Educação de Bachellet.
Ou ainda esta: «Os estudantes lutam para que a Lei Geral da Educação não seja aprovada pelos parlamentares e para que ela seja revista em diversos pontos fundamentais. Segundo o presidente do Colégio dos Professores, Jaime Gajardo: “Esperamos que no dia 21 de Maio, os deputados digam que vão rever este projecto e que vão ter mais tempo para debater e discutir um novo projecto educacional para o Chile. Pois, este projecto actual em vários pontos é igual ao projecto da Lei Orgânica Constitucional de Ensino (LOCE).” Esta lei foi outorgada pelo ditador Augusto Pinochet, um dia antes de deixar o poder, em 1990, consagrando a educação privatizada.»
Semelhanças com Portugal?
Uma das maiores razões dos protestos, esclareço eu, prende-se com o facto de os alunos e as suas famílias receberem um «voucher», que lhes permite optar entre escolas públicas e escolas privadas. A pura e clara privatização do ensino que, mais uma vez, vem dos tempos de Pinochet. E não é também isso que está por trás das reformas educativas de Portugal? A entrega das escolas às autarquias prevê-se para breve, e este é só um primeiro passo para o que virá a seguir.
As repressões de que os manifestantes têm sido alvo mostram à saciedade que existem ainda fortes resquícios do Chile de Pinochet. Até nas comemorações do 1.º de Maio 122 trabalhadores foram presos e a polícia lançou gás lacrimogéneo. «O secretário do Interior, Felipe Harboe, disse que as 122 detenções foram muito inferiores às realizadas no ano passado», refere uma outra notícia, como se isso fosse motivo de grande orgulho.
Tudo isto para concordar com Francisco Rojas quando diz que, ainda hoje, a sociedade chilena é profundamente autoritária. E era-o mais ainda em 1998, e mais ainda em 1990.
E quanto ao actual modelo de avaliação de professores no Chile? Disse em comentário anterior que a compra e venda de portefólios tornou-se um negócio muito rentável no país. É a pura mercantilização do processo de avaliação de professores. O vídeo que está publicado no youtube é elucidativo.
http://www.youtube.com/watch?v=Z3i5N5cRFYs&eurl=http://partilhadosaber.blogspot.com/2008/10/pe rverso-na-avaliao-dos-professores-no.html

Por último: claro que nada disto é simples. Se fosse, há muito que já estava resolvido. Se fosse uma profissão igual às outras, aplicava-se aos professores o SIADAP e pronto.
Aliás, um estudo recente da UNESCO, denominado «Avaliação do Desempenho e Carreira Profissional Docente», chega à conclusão de que um sistema de avaliação de professores é sempre algo de conflituoso e que, devido à dificuldade, ainda não se terá encontrado a receita ideal para resolver o problema. Aqui vai.

«Estudo reflecte sobre vários modelos de avaliação do desempenho docente na América e na Europa e conclui que a auto-avaliação é mais eficaz na melhoria da qualidade de ensino.
Cresce a importância dada aos processos de avaliação do desempenho docente nos sistemas educativos da América e da Europa como instrumento para promover a qualidade do ensino. Mas esta não é uma tendência comum a todos os países. Muitos estão a optar por sistemas de auto-avaliação interna em cada escola. “Uma estratégia mais eficaz para alcançar a melhoria do desempenho docente”, reconhecem os autores do estudo “Avaliação do Desempenho e Carreira Profissional Docente”, coordenado por Javier Murillo na UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Um trabalho de análise comparada entre 55 sistemas educativos da América e Europa, com foco na carreira dos docentes do Ensino Básico do sector público, que foi editado em Junho de 2007 e serviu de base à elaboração do modelo de avaliação docente que está a ser implementado pelo Ministério da Educação, em Portugal.
A maioria dos sistemas de avaliação do desempenho docente apresenta uma “fragilidade”: a falta de enquadramento teórico sobre quais os critérios que fazem o “bom professor”. “De tal modo que actividades análogas em contextos similares são entendidas e reconhecidas de modo diferente.” Esta é outra das notas do estudo e que, segundo os autores, deveria ser objecto de uma “reflexão séria” por parte dos responsáveis políticos sobre esta matéria.
No entanto, em todos os países da Europa e América Latina existe algum tipo de avaliação do desempenho docente. Varia a forma: avaliação externa e mais formal ou auto-avaliação interna desenvolvida informalmente. Assemelham-se as finalidades: melhorar ou assegurar a qualidade do ensino e proporcionar informação para a tomada de decisões a respeito do docente. A promoção da qualidade do ensino é a finalidade mais presente nas avaliações de carácter interno, desenvolvidas pelas próprias escolas, assinalam os autores. Ao passo que nas avaliações externas, embora se combinem as duas finalidades, a procura de informação sobre o docente tem repercussões sobre salários e promoções.
Entre os países que não têm um sistema de avaliação de carácter geral contam-se: na Europa Ocidental, a Áustria, Bélgica, Chipre, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Irlanda, Itália, Islândia, Liechtenstein, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Reino Unido (Escócia) e Suécia; na Europa de Leste, Eslováquia, Hungria e Letónia; na América Latina, Brasil, Equador, Nicarágua, Panamá e Paraguai.
Pelo contrário, foi implementada uma avaliação do desempenho docente de carácter externo em bastantes países europeus: Alemanha, Eslovénia, Estónia, França, Grécia, Lituânia, Malta, Polónia, Portugal, Reino Unido (Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte), República Checa e Roménia. Também na maioria dos americanos: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Honduras, México, Peru, Porto Rico, República Dominicana, Uruguai, Venezuela. E em dois dos estados norte-americanos analisados, Califórnia e Carolina do Norte.
Apesar desta classificação, os autores ressalvam a variedade de situações encontradas. Assim, em países como a Espanha e a Itália, apesar de existir um sistema de avaliação, este só é aplicado em casos excepcionais: para licença por estudo e viagens ao estrangeiro. A generalização do sistema de avaliação a todos os professores em Espanha é “uma questão pendente há mais de uma década nas diferentes administrações educativas”, referem os autores.
Nos países nórdicos (Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia) e nos Países Baixos, a responsabilidade pelo trabalho docente recai sobre a própria escola que, por isso, tem autonomia para realizar avaliações do trabalho desenvolvido quando necessárias e fazer repercutir os resultados nos salários atribuídos. No caso da Finlândia, “um exemplo paradigmático”, afirmam os autores, o sistema de inspecção e supervisão das escolas foi abolido em 1990 como prova da “confiança” posta nas escolas e nos professores. Por isso, a avaliação é entendida como uma auto-reflexão do docente no interior da escola onde lecciona. Por oposição, na França, país mais centralista onde prima o critério da equidade em todas as escolas, a avaliação é determinada pelas autoridades educativas sendo semelhante à aplicada aos restantes funcionários públicos.
Estes e outros aspectos que se prendem com o tipo de instrumentos usados para a obtenção da informação, os responsáveis pela mesma, as repercussões no funcionamento da escola e na carreira do professor demonstram o porquê de a avaliação do desempenho docente ser “uma questão tradicionalmente conflituosa”, concluem os autores.

Exemplos de modelos de avaliação
A recolha de informação é indispensável, mas são várias as limitações técnicas deste procedimento. Assim se justifica em todos os países a preocupação de combinar diversos instrumentos que possibilitem obter uma imagem global e objectiva do docente. Sendo o mais habitual a observação do professor em contexto de trabalho, ou seja, na aula. E o menos frequente, pelas duras críticas que suscita: a análise dos resultados académicos dos alunos.
Assim, no Chile utiliza-se como fonte de informação o portefólio do professor com descrição de actividades e planificações, pautas de auto-avaliação, entrevista ao avaliado e relatórios dos órgãos de direcção e coordenação da escola. Na Alemanha, combina-se a observação de aulas com a revisão dos documentos gerados durante o processo de ensino, pedem-se relatórios aos superiores do docente e uma entrevista pessoal. Na Colômbia, entre os possíveis instrumentos usados assinala-se o recurso a fontes pessoais, integrantes da comunidade educativa ou corpos de colégios profissionais, que possam dar testemunho sobre o desempenho do avaliado. Na Roménia, a avaliação é realizada mediante um esquema de fichas correlacionadas com a descrição do trabalho docente.
É possível reconhecer mais elementos diferenciadores dos modelos de avaliação: quem são os responsáveis e qual a finalidade do processo? A situação mais frequente é a de que a avaliação esteja a cargo dos órgãos directivos da escola. Mas existem outras. Espanha, Itália, Portugal e Roménia estão entre os países onde a avaliação é da responsabilidade da administração educativa. No caso da Roménia, os resultados da avaliação anual determinam a concessão de incentivos salariais de forma notória. Os professores que obtenham nota superior a 81%, classificação Muito Bom, podem auferir de incentivos salariais na ordem dos 15 a 20% durante um ano ou quatro anos. E só esta classificação permite a candidatura a postos de gestão e direcção das escolas. Na Eslovénia uma pontuação acima da média reverte-se num aumento salarial de 20%. No Reino Unido, a avaliação externa é realizada pelo Ministério da Educação e determina apenas a subida de escalão, que tem associada um aumento da remuneração. Por último, na Letónia, ainda que não haja um sistema de avaliação externo regulamentado, um professor que realize um trabalho considerado excepcional pode receber uma compensação monetária.
Ainda que todos os sistemas de avaliação tenham como finalidade última a melhoria do desempenho docente, o modelo do estado norte-americano da Califórnia é visto como um exemplo a este nível. Avaliam-se as estratégias de ensino e a sua proximidade com os objectivos curriculares, definidos ao nível da administração local, para o distrito onde se insere a escola, e também a capacidade do docente para estabelecer um clima de aula favorável à aprendizagem. Os resultados são entregues ao docente 30 dias antes do último período escolar e devem ser acompanhados por sugestões de melhoria e de planos de formação profissional que ajudem o avaliado a optimizar a sua prática.
Para quê? Esta é “possivelmente a questão-chave da avaliação do desempenho docente”, reconhecem os autores deste estudo. Mas para lá da polémica que a sua implementação pode causar, como se tem constatado em Portugal, os autores consideram que o mais importante é “converter os resultados da avaliação numa melhoria da qualidade do ensino”. Este é o “grande desafio” que se coloca aos decisores políticos.»


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 13:05 | link do post | comentar

Aqui vai o meu modelo de avaliação alternativo. Não vou entrar em grandes pormenores porque não sou político nem sindicalista - eles que façam o trabalho deles que eu, como professor, farei o meu.

1 - Avaliação formativa todos os anos, à excepção do ano de mudança de escalão. É composta por uma aula assistida pelo Director da escola e pelo coordenador do Departamento. Relatório da responsabilidade do
Director, que terá em atenção a aula assistida, a assiduidade e a participação nas actividades lectivas, com menção qualitativa sem quotas.

2 - Avaliação no ano de mudança de escalão, com aula assistida por inspector do Ministério, pelo Director da escola e pelo coordenador o Departamento. Relatório do Inspector. Relatório do Director, que terá em atenção a aula assistida, a assiduidade e a participação nas actividades lectivas. Relatório do docente acerca das actividades realizadas. Proposta conjunta de menção final do período (nota do Inspector vale 30%, nota do Director 70%).

Assim mesmo. Sem reuniões, sem papelada, sem titulares.



Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 12:56 | link do post | comentar

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5278999109011124626" />

Maria de Lurdes Rodrigues foi professora primária. Seja porque teima em esconder esse facto do seu «curriculum» oficial (terá vergonha?), seja porque a subserviente comunicação social portuguesa nunca se interessou pelo assunto, o certo é que gostaria de saber mais sobre o seu desempenho no ensino real. Foi uma professora exemplar? Não chumbava alunos? Utilizava métodos inovadores? Tinha uma boa relação pedagógica com os alunos? Algum desses alunos se lembrará dela? Foi avaliada? E se não foi, a culpa foi sua?
À falta destes elementos, tenho de me limitar a avaliar o seu desempenho, como ministra da Educação, entre 2005 e 2008. Não tenho dúvidas de que uma grande parte da sociedade portuguesa bateu palmas à sua actuação, mas, para aqueles que vêem para lá do folclore político, o seu mandato deixou muito a desejar. Resumiria o seu mandato de três anos numa frase: uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma.
Os principais problemas do sistema educativo mantiveram-se e nada a ministra fez para a sua resolução. Os programas continuam completamente desfasados da realidade, tanto em termos de dimensão como de conteúdos. Os manuais escolares apresentam erros graves e os seus preços são exorbitantes. Continua a haver turmas com mais de trinta alunos em salas de aula sem as mínimas condições. Psicólogo nas escolas, para já não falar em assistente social, continua a ser uma miragem para a maior parte dos Agrupamentos. Continua a haver falta de funcionários e cada vez são mais os tarefeiros, que chegam a ter horários de uma hora por dia. Os Quadros das Escolas continuam sem ser devidamente preenchidos, daí a necessidade de chamar professores contratados, num processo que chega a demorar um mês (período durante o qual os alunos não têm aula à respectiva disciplina).
Podia continuar com dezenas de exemplos daquilo que devia ter sido prioritário para este ministério. Porque, no sistema educativo, nada há mais importante do que os alunos. É por eles e para eles que tudo existe. E são eles os únicos prejudicados pelas situações que referi anteriormente.
Se nestes casos o ministério nada fez para resolver os problemas, houve casos em que os piorou. Foi o caso dos cerca de quarenta mil miúdos com Necessidades Educativas Especiais que, por razões economicistas, perderam o apoio de que usufruíam. Foi também o caso dos professores do Ensino Especial, cuja especialização deixou de ser uma obrigatoriedade. Qualquer um pode encarregar-se desses alunos.
Foi o caso da obsessão pelas estatísticas. Ao ponto de facilitar até ao enjoo os exames nacionais, para se poder dizer que a sua política foi um sucesso. O objectivo, já o assumiu, é acabar com as reprovações dos alunos. Resultado: hoje em dia um aluno pode transitar sem ter nenhuma positiva. NENHUMA!
Foi, ainda, o caso do Estatuto do Aluno, que, ao contrário do que se tem dito, e ao contrário do que os alunos pensam, é muito mais permissivo do que o anterior. O anterior Estatuto, publicado pelo ministro David Justino, previa a expulsão do aluno como medida disciplinar sancionatória, no caso de esse aluno estar fora da escolaridade obrigatória. Nesse ano lectivo, o aluno ficava imediatamente retido e não podia inscrever-se noutra escola. O actual Estatuto do Aluno elimina essa sanção e a transferência passa a ser a pena máxima, mas apenas se a Direcção-Regional de Educação concordar.
Segundo o anterior Estatuto do Aluno, o Conselho de Turma (conjunto dos professores da turma) podia ser chamado a decidir da suspensão do aluno entre 5 a 10 dias. Com o actual Estatuto, essa participação dos professores, afinal aqueles que conhecem o aluno, é simplesmente revogada. A partir de agora, o Director «pode previamente ouvir os professores da turma». Nem sequer é obrigado a ouvi-los.
E depois há a questão das faltas. No Estatuto anterior, quando ultrapassavam o limite de faltas injustificadas, os alunos ficavam retidos ou eram desde logo excluídos, se estivessem fora da escolaridade obrigatória. Agora, podem faltar o que quiserem que têm direito a uma prova de recuperação, «independentemente da natureza das faltas». Ou seja, faltar porque se foi operado ou faltar porque se foi para o café é exactamente a mesma coisa. E se o aluno reprovar na prova de recuperação, ainda pode ver as suas faltas justificadas e ainda pode ter direito a uma nova prova de recuperação.
Ou seja, não interessa se os alunos se esforçam ou não, se cumprem os seus deveres ou não. Porque quem se balda obtém os mesmos resultados do que aqueles que se esforçam. Afinal, o que interessa é acabar com os chumbos.
Como é óbvio, os alunos que se esforçam, mas não conseguem, é que deviam ser apoiados com aulas de recuperação constantes às disciplinas em que têm dificuldades, em vez da fantochada que, hoje em dia, continuam a ser as aulas de substituição. Outro dos problemas criado pelo ministério que em nada veio ajudar os alunos.
É tempo perdido para os alunos, que nada aprendem enquanto estão nessas aulas. O que vêem à sua frente é um professor que não conhecem, que não respeitam e que nada percebe daquela disciplina, mesmo que leve uma ficha de trabalho deixada pelo colega em falta. Admito aula de substituição no caso de ser leccionada por um professor da disciplina. Nada mais.
Curiosamente, porque o professor tem de estar na escola um número determinado de horas, é colocado em aulas de substituição, ou então na Biblioteca, Sala de Estudo, etc.. Se está em aula de substituição e nenhum colega falta, fica na Sala de Professores, duas horas ou mais, sem fazer nada. Se vai para a Biblioteca, Sala de Estudo, etc.., nada tem para fazer, porque os alunos estão em aula ou em substituição, por isso não podem sair da sala. Não seria difícil aproveitar melhor o trabalho dos professores de forma a beneficiar também os alunos, sobretudo através de aulas de apoio individuais para todos os que precisassem.
Depois, há outras medidas que se podiam ter revelado positivas, mas a sua implementação não o permitiu. É o caso do Inglês desde a 1.ª Classe. Acontece que é uma AEC (Actividade Extra-Curricular) e, logo, não-obrigatória. Os alunos chegam ao 5.º Ano com ritmos totalmente diferentes. Alguns tiveram quatro anos de Inglês, outros não tiveram nenhum. E os que tiveram quatro anos, voltam a levar com a iniciação, como se partissem do zero – daí à desmotivação, vai um pequeno passo. Daqui a uns anos se verão os resultados.
Para além disso, muitas aulas são dadas na cantina, no ginásio, no contentor, onde quer que seja. E tudo é feito à custa de professores com recibo verde, que por vezes recebem 5 euros por hora, mas apenas as horas efectivamente leccionadas. É feriado e não há aulas? Tem de acompanhar o filho recém-nascido à consulta na Maternidade? Tem de ir ao funeral do pai? Azar, será descontado. Dir-se-á que a culpa é dos municípios, mas quem fez a lei foi o Governo.
O «Novas Oportunidades», lançado pelo ministro David Justino, foi uma excelente medida, igual ao que já existe por toda a Europa. Mas qualquer instituição pode fazer a formação para validação de competências. Há empresas privadas que recebem dinheiro para fazê-lo, mas os seus funcionários não chegam a comparecer uma única vez e obtêm o diploma em dois ou três meses. Há instituições que permitem fazer do 5.º ao 12.º ano em seis meses. As estatísticas é que contam. Faz lembrar o Fundo Social Europeu.
Quanto aos professores, o novo Estatuto da Carreira Docente está na base da maior parte das críticas à ministra. Em nenhum dos países desenvolvidos há uma divisão na carreira entre professores e professores titulares. Porque todos são professores e aqui, não há nem deve haver hierarquias. Todos os professores são iguais. O problema piora quando são os titulares que vão avaliar os professores.
Estes titulares, relembre-se, chegaram a este cargo com base apenas nos cargos ocupados nos últimos sete anos. Não são os melhores, são os que tiveram mais cargos. Para efeitos administrativos, em 2007 a ministra Maria de Lurdes de Rodrigues classificou-os a todos com a menção qualitativa de BOM. Onde é que já se viu isto? Já chegámos à Madeira?

É por isso que o Estatuto da Carreira Docente é a fonte de todos os males. Porque tem uma série de implicações negativas, apesar de revelar alguns aspectos positivos, relacionados sobretudo com as faltas dos professores.
Por fim, no que toca à avaliação do desempenho, há alguns anos atrás havia uma prova pública de acesso ao 8.º escalão. Os professores que reprovassem nessa prova nunca ascendiam ao topo da carreira e ficavam para sempre no 7.º escalão. Essa prova pública de acesso, essa sim que distinguia os melhores professores, foi abolida pelo Governo do PS de António Guterres, do qual fazia parte José Sócrates.
A partir daí, 1998, passou a existir a progressão automática na carreira. E aplauda-se o fim desse sistema. É fundamental avaliar e não se pode admitir que um professor que não faz nada progrida da mesma forma que outro que se empenha a sério.
Mas tem de ser uma avaliação justa, que não contenha factores pelos quais o professor não é responsável e que não controla minimamente, como é o caso do abandono escolar ou do insucesso escolar. Não admito que, em Setembro, tenha de dizer que 90% dos meus alunos vão ter positiva e 10% negativa. E se o número de negativas for maior? Devo ser prejudicado na minha avaliação porque não cumpri os objectivos? Ou passo os alunos para ajustar a sua classificação aos meus objectivos? E se os alunos abandonarem a escola para ir trabalhar, ou emigrarem com os pais, como acontece muito no Interior, por que razão devo ser prejudicado na minha avaliação?
Para além disso, era perfeitamente possível avaliar um professor sem obrigá-lo a tamanha carga burocrática. Veja-se este exemplo referido por Manuel António Pina, esse grande sindicalista: «Uma professora com 9 turmas e 193 alunos vai ter que introduzir manualmente no computador 17 377 registos e fazer 1456 fotocópias, além de participar em algo como 91 reuniões. Contas feitas, a 1 minuto por registo, e visto que a professora é um Usain Bolt informático, e não dorme nem come, nem se coça, nem se assoa, inteiramente entregue à avaliação, são 290 horas, isto é, 12 dias (noites incluídas).
Já 1456 fotocópias a 1 minuto cada (tirar o papel do monte, pô-lo na bandeja da fotocopiadora topo de gama da escola, esperar que saia fotocopiado e colocá-lo noutro monte), levam-lhe mais um 1 dia (noite incluída). E 91 reuniões, também de 1 minuto, mais 91 escassos minutos. Ao todo, a professora fará a coisa em pouco mais de 13 dias (noites incluídas). Qual “pesadelo burocrático” qual quê! No fim ainda lhe sobrarão, se alguém a conseguir trazer do cemitério ou do manicómio, 152 dias para dar aulas, aprovar os 193 alunos e contribuir para as estatísticas da ministra.»
Ou veja-se as grelhas de avaliação publicadas pelo Governo em «Diário da República». Duas simples folhinhas, como se pode ver neste PDF.
Claro que, para toda a gente, os professores não querem ser avaliados. Para toda a gente, professores e sindicalistas (as centenas que há anos não entram numa sala de aula e que, em nome dos professores, assinam entendimentos com fins meramente partidários e que vendem os seus representados à primeira oportunidade) é exactamente a mesma coisa.
É fácil generalizar e uma mentira dita muitas vezes transforma-se em verdade. Mas a realidade desmente-o: não têm faltado, na internet e nas escolas, a apresentação de modelos alternativos ao modelo chileno que este ministério optou por implementar. Ai, ai, esse grande país que é o Chile!
A Fenprof já apresentou um modelo alternativo. A FNE prepara-se para fazer o mesmo. O professor Paulo Guinote, em «A Educação do Meu Umbigo», também já o fez: “Corresponder ao final de cada ciclo de progressão, servindo exactamente para definir a passagem ao escalão seguinte.
Corresponder a períodos de três anos – o que implicaria uma progressão na carreira com mais níveis salariais e sem saltos tão grandes entre níveis.
Basear-se na apresentação pública de duas aulas, uma sobre a actividade desenvolvida no período anterior, podendo ser mais geral (apreciação global do trabalho realizado) ou mais específica (apresentar uma intervenção mais particular em torno de um problema) e outra sobre o(s) projecto (s) a desenvolver no período trianual seguinte (actividades não lectivas a dinamizar, projectos inovadores no trabalho em sala de aula).A prova seria avaliada por um júri que incluísse um elemento do Ensino Superior na área das Ciências da Educação ou da área científica de origem do avaliado, o(a) Presidente do órgão de gestão da Escola, um elemento a designar pelo ME (potencialmente um inspector qualificado para o efeito), um representante da comunidade educativa (por exemplo da Associação de Pais) e o coordenador do Departamento Curricular (no caso da avaliação destes, seria substituído, por exemplo, pelo Coordenador dos Docentes do seu ciclo de ensino).
Essa prova contaria para 50% a 70% da avaliação (25% a 35% por cada aula), sendo o restante resultante de uma avaliação realizada internamente quanto ao desempenho do docente em termos de assiduidade, inserção no projecto educativo da escola, cumprimento das actividades lectivas e tarefas não lectivas, numa grelha com não mais de 10 parâmetros.»
Vão continuar a dizer que não conhecem nenhum modelo alternativo ao modelo chileno?
Cá por mim, e apesar de não ter nada que andar a apresentar modelos de avaliação (sou professor, não político ou sindicalista), eu optava pelo modelo de avaliação de professores da Finlândia.
É o exemplo para tudo, não é, o finlandês? Até querem acabar com os chumbos, porque assim se faz na Finlândia! Então, eu quero ser avaliado segundo o modelo finlandês.
No meio disto tudo, faça-se justiça à ministra. Nada disto partiu da sua cabeça. Não me parece que seja assim tão inteligente. João Freire, sociólogo, foi o seu grande mentor.
Da sua cabeça saiu, sim, o tipo de discurso e pose utilizados, e isso é indesculpável. Um ministro é um patrão, e um patrão não se deve esforçar para que os seus funcionários o detestem. Mesmo que tome medidas contra os interesses dos seus funcionários, não o deve fazer com arrogância e altivez, como se quisesse «trucidar» (nas palavras de um Secretário de Estado) quem não está de acordo com ele. Correia de Campos fez reformas e pôs em causa interesses, mas não me lembro de uma palavra mais desagradável contra os seus funcionários, como os médicos. Não precisou de gritar nem de insultar para ter razão.
Pessoalmente, não lhe perdoo a forma como me desmotivou. A forma como me «pintou» aos olhos da sociedade portuguesa, do resto da comunidade educativa. Lembro com saudades o ano de estágio – todos os meus alunos desse ano foram convidados para o meu casamento, todos foram e juntaram 40 contos (era dinheiro em 1996!) e uma salva de prata para me oferecer. Lembro-me como então abri um conflito familiar, porque convidei os meus alunos e não convidei os meus primos. Lembro-me que ainda hoje continuo a jantar com eles de vez em quando. Lembro-me que, alguns anos mais tarde, os meus alunos do 9.º ano ficaram sem uma visita de estudo que lhes estava prometida e, para compensá-los, fui uma semana para o campismo com eles. Depois das aulas acabarem e responsabilizando-me pessoalmente por tudo perante os pais. Lembro-me que, ainda em 2005, ficava na escola até à meia-noite, às vezes, só para poder acabar o Jornal da Escola a tempo de ser entregue aos alunos.
Não precisava de leis para estar na escola horas infinitas. Não precisava de avaliações para correr quilómetros para encontrar um filme ou uma música para mostrar aos meus alunos. Não precisava de agradecimentos, mas também não precisava de ser insultado diariamente por quem manda em mim. Nem precisava de generalizações – se havia quem não cumpria e por isso tinha de ser responsabilizado, e para isso era necessário mudar a lei (e muito bem), isso não significava que todos tivessem de ser metidos dentro do mesmo saco.
Aos que pensam que todos os professores são iguais, aos que pensam que é um paraíso ser professor, só queria vê-los uma semana a trabalhar numa escola difícil, num dos Bairros Sociais do Porto ou de Lisboa. Olhem que não é fácil, não é nada fácil.
E se num tom irónico, no final do seu mandato, a ministra veio pedir desculpas pela desmotivação que criou aos professores, devia era ter pedido desculpa a todo o sistema público de ensino. Porque, ao fim de três anos e depois de tanta histeria, nada mudou de realmente importante.
Perdão, mudou a situação das escolas públicas nos rankings das escolas. Já se sabe que é estupidez comparar ensino privado (onde os alunos são seleccionados à lupa) com ensino público, que faz muito mais em condições muito mais difíceis.
Mas já se pode comparar o desaparecimento do ensino público dos lugares cimeiros nos últimos anos. À medida que as medidas de Maria de Lurdes Rodrigues foram sendo implementadas, as escolas públicas foram desaparecendo do mapa:

Média 2001/2006 – 2 escolas públicas nos 10 primeiros lugares; 6 nos 20 primeiros; 10 nos 25 primeiros; 33 nos 50 primeiros.

2007 – 1 nos 10 primeiros; 5 nos 20 primeiros; 9 nos 25 primeiros; 28 nos 50 primeiros.

2008 – 0 (ZERO) nos 10 primeiros; 3 nos 20 primeiros; 7 nos 25 primeiros; 23 nos 50 primeiros.

Mais do que as medidas, mais do que os resultados, foi o discurso e a pose que a fizeram perder a razão. E por isso foi derrotada. Três anos de insultos diários aos professores e de humilhação total - «os professorzecos» - tinham de dar nisto.

Paz à sua alma!



Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 12:51 | link do post | comentar


É triste que Rui Rio, que no início prometia ser alguém diferente na política, seja exactamente igual a todos os outros. A vergonha dos políticos é algo que já nem sequer existe, mesmo em relação àqueles que estão constantemente a apregoar a sua seriedade e a dar lições de moral aos outros.
Sério é o General Ramalho Eanes, que recusou receber um milhão de euros de retroactivos do Estado, dinheiro que era seu por direito relativo a uma lei que o prejudicou mas que agora foi alterada por pressão de Cavaco Silva para se beneficiar a si próprio - poder acumular reformas com o salário de Presidente - sem que, inexplicavelmente, ninguém tenha achado isso grave.
Sério é o General Ramalho Eanes, que ao contrário de Mário Soares, deixou no Palácio de Belém todas as prendas que lhe deram, mesmo a título pessoal, durante as viagens de Estado.
Tirando este homem, não vejo mais ninguém sério na política portuguesa.



Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 12:37 | link do post | comentar | ver comentários (2)

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5278223051746698514" />
Retirado de https://1.bp.blogspot.com/_RbVUgAiJFaQ/SRv3afG-cCI/AAAAAAAAAFc/RIsTgy7_uEs/s320/ranking+das+escolas03.jpg

São estes os verdadeiros números do «ranking» que interessam. À medida que as medidas de Maria de Lurdes Rodrigues foram sendo implementadas, as escolas públicas foram desaparecendo do mapa:
Média 2001/2006 – 2 escolas públicas nos 10 primeiros lugares; 6 nos 20 primeiros; 10 nos 25 primeiros; 33 nos 50 primeiros.2007 – 1 nos 10 primeiros; 5 nos 20 primeiros; 9 nos 25 primeiros; 28 nos 50 primeiros.2008 – 0 (ZERO) nos 10 primeiros; 3 nos 20 primeiros; 7 nos 25 primeiros; 23 nos 50 primeiros.
É a isto que tem conduzido a política educativa da Ministra da Educação e do actual Governo.E de quem é a culpa que as escolas públicas estejam a desaparecer progressivamente dos primeiros lugares do ranking?Deve ser dos professores. Os tais que, pelos vistos, dantes não eram avaliados, mas que conseguiam melhores resultados para os seus alunos do que agora.Deve ser dos alunos. Aqueles que são cada vez menos responsabilizados e cujo sistema facilita cada vez mais a sua progressão, ao ponto de se querer acabar com as reprovações. Aqueles que vêem que tanto faz reprovar porque se está doente ou porque se vai para o café. Aqueles que vêem que tanto faz estudar ou não.Da senhora ministra? Que ideia! Nem pensar! Então não se vê o clima sadio que ela criou nas escolas para professores e alunos. Então não se vê como as escolas privadas vão esfregando as mãos de contentes?



Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 12:34 | link do post | comentar

Segunda-feira, 10.11.08
Bebé Leonor.
A razão de ser de tudo.
14 de Julho de 2008, 23 h 56 m.



Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 17:13 | link do post | comentar

Quarta-feira, 29.10.08
O facto de sermos governados por um iletrado, de quem nada se espera em termos de defesa do património natural e edificado do nosso país, não dá a ninguém o direito de cruzar os braços perante o atentado criminoso que se prepara para o Vale do Tua e a sua inacreditável linha ferroviária.
Para quem não sabe, a Linha do Tua foi equiparada, pelos mais reputados engenheiros, em termos de dificuldade, às Linhas ferroviárias dos Alpes Franceses ou Suíços. Pela sua beleza e rigor técnico, merecia ser classificada como Património Nacional ou, mesmo, Património Mundial da Humanidade.
Ao invés, querem destruí-la. Para dar lugar a uma Barragem, que representará menos de 4% da produção de energia existente de norte a sul. Uma Barragem! Um monte de betão, tão do agrado dos novos engenheiros de Portugal. Os engenheirozecos que hoje mandam no país, os mesmos que fazem licenciaturas da forma que se sabe e que fazem projectos de sarjeta!
Pensarão os mais pessimistas que não adianta lutar. Nada se pode contra o betão! Nada se pode, no fim de contas, contra o dinheiro! Pois se Portugal é líder nas energias alternativas e continuamos a pagar a electricidade cada vez mais cara...
Concedo que é difícl. Lutar contra o betão e o dinheiro é difícil, mas lutar contra a ignorância é ainda mais. Mas não é impossível. Temos as gravuras de Foz Côa como exemplo, apesar de continuarem à espera de uma verdadeira política de exploração cultural e turística.
Infelizmente, quando perguntados, os senhores do poder dirão que se trata de progresso. De desenvolvimento.
Como é óbvio, os senhores do poder não sabem, porque não querem saber e porque são iletrados, que em 1886 a Linha do Tua já chegava até Mirandela e que em 1906 chegou a Bragança.
100 anos depois, a ligação a Bragança já não existe. Há muito que já não existe! 120 anos depois, querem acabar com a ligação a Mirandela, a última ligação ferroviária do Nordeste Transmontano!
O progresso é isto? O desenvolvimento é isto? Acabar com o meio de transporte mais limpo, mais eficiente e menos poluente do mundo é progresso? É desenvolvimento? Abandonar a via tradicional para fazer absurdos TGV's num país minúsculo o que é?
Para o fim, o mais importante: as pessoas. Algo que, olhando para a realidade sócio-política do nosso país, não será grande argumento. São poucos aqueles que vivem em Trás-os-Montes, por conseguinte, são poucos aqueles que votam. Acabar com a única ligação ferroviária em toda a região não representará mais do que meia dúzia de milhares de votos, tantos quantos são aqueles que utilizam anualmente a Linha.
Milhares de pessoas, todos os anos, em aldeias isoladas, sem forma de chegar a Mirandela ou à Régua? É o progresso! É o desenvolvimento!
Infelizmente, como já se percebeu, não vale a pena contar com o bom senso dos novos engenheiros que governam Portugal. Já sabemos que o Sr. José de Sousa, o pequeno democrata de Vilar de Maçada, nunca recua. Nem ele, nem o seu Ministro Jamais, nem aqueloutro Ministro que demoliu a casa onde viveu Almeida Garrett para aí construir o seu empreendimento de luxo. Para essa gente, o património vale muito pouco.
Infelizmente também, não podemos recorrer sequer a Belém, onde vive uma Múmia Petrificada que, embrenhada no seu novo papel de «cooperadora estratégica», sorri até mais não poder, calculista até à vergonha. O mesmo que, enquanto Primeiro-Ministro, começou a destruição da via férrea.
Pelo menos até ao seu segundo mandato, Portugal pode estar a «ferro e fogo», que ele continuará a passear férias em Moçambique à custa do erário público.
Resta-nos, pois, lutar. Sozinhos. Com a força da razão. Em defesa de um vale único que vai desaparecer. Em defesa de uma linha irrepetível, considerada a terceira mais bela do mundo das vias estreitas. Em defesa de Portugal. Em defesa das suas gentes que dependem do comboio.

Em anexo: Pequeno filme amador de viagem na Linha do Tua como mote para candidatura-relâmpago a Património Mundial da Humanidade.



Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 20:13 | link do post | comentar

Quarta-feira, 12.03.08

No dia 8 de Março, fez-se história.
Aconteça o que acontecer no futuro, e começa a acontecer alguma coisa, já valeu a pena.
No dia 8 de Março,fez-se história em Lisboa. Fez-se história... e eu estive lá!




Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 13:19 | link do post | comentar

Quarta-feira, 27.02.08

As comemorações do 8 de Março estão mundialmente vinculadas às reivindicações femininas por melhores condições de trabalho, por uma vida mais digna e sociedades mais justas e igualitárias. Essa luta é antiga e contou com a força de inúmeras mulheres que nos vários momentos da história da humanidade resistiram ao machismo e à discriminação. Nasceu daí o Dia da Mulher.
8 de Março é pois um dia histórico. Vamos transformá-lo num dia mais histórico ainda. Os professores e a sociedade portuguesa vão fazer ouvir a sua voz. Contra a humlihação, o desrespeito, a arrogância e a prepotência.
Todos de preto com um lenço branco. Todos de luto, todos em luta!
8 de Março é o primeiro dia. Aquela que começou por ser uma simples marcha pela indignação dos professores já se transformou num movimento único e imparável de toda a sociedade portuguesa.
Vão ser milhares e milhares, em Lisboa, em protesto contra as políticas de Direita do Governo Socratino. Gente de norte a sul, de todas as profissões, mas com algo em comum: a recusa em continuar a ser vilipendiado, agredido e insultado.
Que ninguém se cale. Ninguém fique em casa. 8 de Março é o primeiro dia do resto deste Governo. Queremos trabalhar por Portugal, mas não queremos trabalhar com esta gente.
Já somos aos milhares. Todos juntos, vamos fazer história!



Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 14:43 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Terça-feira, 26.02.08

Mais um Prós e Prós sobre Educação e, mais uma vez, a RTP da vergonha em todo o seu esplendor.
A vergonha de uma Ministra que escolhe os temas e aqueles que se sentam ou não em frente a ela. A vergonha de uma «jornalista» que dirige todo o programa com o objectivo de o tornar numa sessão de propaganda eleitoral, com todo o tempo do mundo para a Ministra e interrupções sistemáticas - até cortes de microfone - para os professores que criticam o Governo. A vergonha de uma estação pública que é paga por todos nós, mas que faz o papel descarado de defensor do Sr. José Sócrates.
Mais uma vez, Mário Nogueira e os Sindicatos foram postos de lado, desta vez de forma ainda mais vergonhosa do que da anterior; mais uma vez, a Ministra disse o que quis, quando quis e como quis, nunca tendo sido avisada acerca do tempo que se esgotava - contabilize-se o número de minutos que falou em comparação com os restantes convidados; mais uma vez, vozes incómodas foram caladas e vozes elogiosas ressaltadas, como o Professor do Ano, que não se calou durante o programa - tivesse o Ministério como alvo e não o teriam deixado abrir a boca.
Repare-se como a senhora «jornalista» chamava constantemente a atenção para o facto de estarem a falar militantes do PSD. Repare-se como até fingiu que não sabia de que Partido era o Presidente da Câmara de Paredes. Repare-se no triste papel que fez mais uma vez. Repare-se na vergonha que não tem. Que nunca tem. Que nunca teve.
Quanto à Senhora Ministra, conhecida entre os professores como a «Bruxa», fez o papel do costume. Só não diz que odeia os professores - os professorzecos - porque não pode...



Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 01:39 | link do post | comentar

Domingo, 03.02.08

Instado a perguntas sobre os projectos assinados pelo sr. Primeiro-Ministro na Guarda, durante os anos 80 (antes lhes chamaria o Triângulo Monumental Rapoulas-Valhelhas-Covadoude), Sua Excelência o Cooperador Estratégico, pediu que não se falasse no assunto porque estamos no Carnaval.
Curioso! Tinha a impressão de que o sr. Presidente da República não gostava lá muito do Carnaval. Não porque não tenha sentido de humor, mas porque, enquanto Primeiro-Ministro, em 1994, manifestou-se contra a tolerância de ponto dada aos funcionários públicos no Carnaval e chegou mesmo a tentar acabar com ela.
Quanto aos projectos do «senhor engenheiro», não são dele, como resulta da reportagem de José António Cerejo. Está bom de ver que o homem não deve saber qual a diferença entre um saco de cimento e um tijolo; nem sequer o que é um nível, para que serve e como funciona.



Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 23:46 | link do post | comentar

Quarta-feira, 30.01.08

Retirado de joaotilly.weblog.com.pt/arquivo/2008_01.html

Se os Sindicatos dos Professores não andassem a dormir, não teria sido só o Ministro da Saúde a sair. E o mesmo direi dos Magistrados e Juizes, dos Agricultores e de tantos outros.
Quanto ao da Saúde, revela bem o homem de convicções fortes que é o nosso Primeiro-Ministro. Nunca deixa cair alguém que esteja sob fogo, mas com as eleições à vista, livrou-se logo do seu maior problema.
É hora de cerrar fileiras.
Quanto a reformas, até 2009 nem vê-as. No próximo ano, baixam os impostos, aumenta o poder de compra e os salários dos funcionários públicos, as políticas arrogantes e agressivas tornam-se gentis e respeitadoras dos direitos dos portugueses.
O mito do Governo socratino, indiferente à contestação popular e aos calendários eleitorais, caiu por terra. O Governo socratino simplesmente acabou.



Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 10:53 | link do post | comentar

Quarta-feira, 23.01.08
Em «Do Portugal Profundo», António Caldeira, entre uma série de afirmações correctíssimas, menciona o Dr. Medina Carreira como alguém que iria endireitar o país. Seria mais ou menos isso.
Ora, como comentei no próprio blogue, não poderia estar mais em desacordo. Não me parece que a menção ao Dr. Medina Carreira seja uma lembrança feliz. Porque o Dr. Medina Carreira é um inimigo dos direitos sociais que os portugueses conquistaram. Alguém que, no meio da vergonha que é a fuga ao fisco, a economia paralela, os milhões dos Bancos e dos gestores públicos, as escandalosas reformas vitalícias, está muito preocupado com o Rendimento Mínimo. Preocupa-se com os tostões que os pobres recebem, não se preocupa com os milhões que os ricos recebem ou que deixam de pagar.
Como alguém também comentou na sequência desse post, Medina Carreira provavelmente iria continuar a política de encerramento de maternidades, urgências e centros de saúde do actual Ministro. Um ser que devia ser responsabilizado directamente, como escrevi anteriormente, pela recente morte da criança da Anadia. Acaso os pais fossem outros - não se percebe aquela reacção - e se calhar o ministro não teria uma vida longa. Como também já referi, se o filho fosse meu, sei o que faria...
Depois de tudo isto, é incrível quando não há surpresa de qualquer espécie quando esse senhor se recusa a implentar a medida dos medicamentos unidose, que ele próprio decretou há mais de um ano.
Já se sabe que, no Ministério da Saúde, só se poupa na despesa à custa dos utentes, à custa dos contribuintes. Nunca se poderia pedir à Apifarma um sacrifício desses - reduzir os seus lucros para os doentes pagarem menos e para o Estado comparticipar menos? Isso nunca! Onde ficariam os lucros da Apifarma? Onde ficariam os lucros de todos os socratinos que não se cansam de «mamar» na teta estatal?
Fecha-se maternidades, Urgências e centros de saúde. Diminui-se a comparticipação nos medicamentos. Mas investir a sério nos genéricos? Não! Afrontar os interesses instalados? Não! Prejudicar a Apifarma? Não, isso nunca!



Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 12:14 | link do post | comentar

Sexta-feira, 18.01.08
O homem de mão do sr. primeiro-ministro, o sr. Armando Vara, passa de simples caixa a Administrador da Caixa Geral de Depósitos e daí à vice-presidência do BCP, certamente por influência do próprio sr. primeiro-ministro. Escândalo?

O novo presidente do BCP, saído directamente da GCD, dirigiu nos anos 80 as obras do Aeroporto de Macau. Aquelas! As do sr. Carlos Melancia, as da corrupção, as da Emaudio, as do fax de Macau. Coincidência?

O sr. Governador do Banco de Portugal, que ganha o dobro do seu congénere norte-americano e é um dos mais bem pagos do Mundo, afinal não sabia de nada. Estava distraído, a não ser para acusar o sr. Miguel Cadilhe e restantes ex-administradores. Pouco importante?

O sr. primeiro-ministro, como é bom de ver, tem estado por trás de todo este cenário. Como disse o corajoso António Barreto, «na sua gula de governante absoluto, que não se limita à política e quer passar à finança, por interposta clique, Sócrates antevê no BCP a sua Emaudio. Terá esse seu projecto pessoal de poder outro destino?...»

Emaudio, alguém se lembra? Do projecto de desvio de dinheiro para apoio à reeleição do sr. Mário Soares como Presidente da República?

Mas afinal, o que importa tudo isto quando um bebé morre às portas de um hospital cujas Urgências acabaram de fechar? Por ordem de um ministro insensível e sem coração a quem só interessam os cortes nas despesas. Por um primeiro-ministro obcecado por si próprio e por um projecto pessoal de ditadura democrática que, como disse António Barreto, já extravasou as fronteiras da própria política. Por um Governo que só tem um objectivo: o défice orçamental.

Apetece perguntar o que aconteceria se o bebé fosse filho do sr. ministro, ou filho do sr. primero-ministro. Apetece chamar assassinos a um conjunto de pessoas que jurou governar em nome do supremo interesse dos cidadãos.

E à mãe da bebé, o que será que apetece fazer? Se o filho fosse meu, sei bem o que apeteceria fazer. Se o filho fosse meu, sei bem o que faria.



Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 20:32 | link do post | comentar

Quinta-feira, 18.10.07


«Primeiro levaram os comunistas, mas eu não me importei, porque não era nada comigo.

Em seguida levaram alguns operários, mas a mim isso não me afectou, porque eu não sou operário.

Depois prenderam os sindicalistas, mas eu não me incomodei, porque nunca fui sindicalista.

Logo a seguir, chegou a vez dos padres,mas como eu não sou religioso, também não liguei.

Agora levaram-me a mim e, quando percebi, já era tarde.»

Bertolt Brecht


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 14:54 | link do post | comentar

Terça-feira, 09.10.07
A «democracia» de Sócrates está de regresso.
Desta vez, um Sindicato de Professores foi visitado na véspera de uma manifestação autorizada pelo Governo Civil. Foi visitado pela PSP, perdão, pela GNR, e aconselhado. «Cuidado com a forma como se manifestam contra o Sr. Primeiro-Ministro!», terão dito os PIDES, perdão, os PSP's, em tom ameaçador, aos dirigentes sindicais que tencionavam manifestar-se.
Não me admirava que a ordem tivesse saído directamente do gabinete do Sr. Primeiro-Ministro. O mesmo que, há não muito tempo, caucionou e apoiou uma demissão por causa de uma piada à sua licenciatura e por causa de um cartaz dito «jocoso».
É mesmo assim. Quem se mete com José Sócrates, leva! Condiciona-se a RTP porque é do Estado, condiciona-se a SIC através de Ricardo Costa, condiciona-se a TVI colocando Pina Moura nas malhas da direcção. E se nada resultar, pode sempre alterar-se o Código Penal mesmo à medida. Quem se manifestar contra o Sr. Primeiro-Ministro, poderá ser acusado de alguma coisa grave.
Sócrates, o Pai da Pátria! Sócrates é a Pátria! Il Duce! O nosso bom chefe! O nosso bom Pai!


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 12:11 | link do post | comentar

Quarta-feira, 03.10.07
Portugal é um país que gosta de se pôr de gatas perante os estrangeiros.
De gatas perante a China. Nem o Sr. Primeiro-Ministro, nem o sr. Presidente da República, a «Múmia Petrificada de Belém», como alguém já lhe chamou, tiveram a coragem de receber o Dalai Lama. Com medo de represálias, com medo do gigante económico da Ásia. Direitos humanos? Democracia? O quê?
De gatas perante o sr. Scolari. Um treinador e seleccionador agride um jogador adversário, perante milhões de pessoas, e só se ouvem elogios. O sr. Madail tem dois pesos e duas medidas quando se trata de um jogador em formação e de um treinador que devia formar e que, por isso, tem mais responsabilidades. O que se diria se fosse António Oliveira a protagonizar aquele caso? Devemos muito ao sr. Scolari? Mais de 30mil contos por mês, é o que, na minha opinião, lhe devemos.
De gatas perante a Inglaterra e os srs. McCann. Para além de não se ouvir uma palavra governamental em defesa da nossa Polícia, tiveram a ousadia de demitir o coordenador das investigações por ele dizer meia dúzia de verdades. O que virá a seguir? Interromper as investigações e ilibar os srs. McCann? Pedir desculpa à Inglaterra?
Em minha opinião, está em causa um novo Mapa Cor-de-Rosa e um novo Ultimatum Britânico. «Ou param as investigações, ou terão problemas!» Vamos ver se não voltaremos a ser humilhados pelos Súbditos de Sua Majestade e se não voltaremos, como já estamos, a ficar de gatas perante eles.
Pobre país, este...

Nota: Curiosas as escutas do «Sol» que envolvem o Sr. Primeiro-Ministro e o antigo Sr. Presidente da República, entre outros. Realmente, este deve ser o Primeiro-Ministro mais mentiroso da história recente de Portugal.


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 10:10 | link do post | comentar

Domingo, 19.08.07
O Benfica foi sempre o clube do regime. O clube da Ditadura.
É perfeitamente natural que, nestes tempos de «democracia mitigada» que Portugal atravessa, o Benfica volte a ser protegido por que manda em Portugal. Só não se contava que fosse o Ministério Público a fazê-lo. Uma instituição que devia estar acima de tudo e de todos e que devia ter como único fim a defesa da legalidade e dos direitos do Estado e dos cidadãos. Afinal, pelos vistos, os interesses do Benfica estão acima dos interesses do próprio Estado.
Não se espera que a comunicação social seja imparcial no que toca à análise dos casos do futebol. Não se espera que a RTP deixe de transmitir reportagens asquerosas sobre os concorrentes do Benfica. Mas já se esperava que o Ministério Público, quando ouve o Presidente do Benfica a escolher árbitros para os seus jogos e a dizer que, se não o conseguir, vai fazê-lo de outra maneira, agissse da mesma forma que agiu contra outros clubes.
A equipa-maravilha, pelos vistos, só tem olhos para o F. C. do Porto. Para os mais fortes, para aqueles que dizem que têm 6 milhões de adeptos, a equipa-maravilha só tem conivências. Será porque, a fazer fé no processo do «Apito Encarnado», o Dr. Saldanha Sanches trabalha sem recibo para o Presidente do Benfica?


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 22:14 | link do post | comentar

Quinta-feira, 02.08.07
Mais uma...
Uns dias depois de a Excelentíssima Senhora Ministra da Educação arquivar o caso do Prof. Charrua entre elogios aos bufos pidescos que o denunciaram, foi a vez da Directora do Museu Nacional de Arte Antiga ser substituída no cargo por se atrever a pôr em causa o modelo de gestão dos museus.
A senhora, realmente, devia querer acabar assim. Ou será que ainda não percebeu que, no novo Portugal, quem se mete com o PS leva?


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 23:34 | link do post | comentar

Domingo, 29.07.07
Retirado de uma entrevista de António Arnault, Ministro da Saúde do PS, à Visão», e citado no blog de José Maria Martins: «Sempre fui moderado no PS. Hoje estou na extrema-esquerda e sou o mesmo! O partido desviou-se tanto para a direita que, porventuara, até estarei quase a sair. (...) Os bajuladores [no poder] existem . Você habitua um cão e ele está-lhe sempre à perna. Mesmo que lhe bata! O cacique, por outro lado, já tem de ser alimentado de outra maneira. Precisa de umas iguarias e quer manter a máquina e o aparelho a funcionar. Conheço o caso de um sujeito que comprou o lugar.Deu dinheiro ao partido para ser deputado. E o PS aceitou, pô-lo na lista! A condição era estar lá seis meses para satisfazer a vaidade.»
A tese de que o PS, hoje em dia, é de Direita, nem precisaria deste histórico para se confirmar completamente. Mas ajuda.
É pena que outros, com mais responsabilidades ainda, como Mário Soares, finjam que vai tudo bem e se limitem a chamar a atenção para medidas que podem acabar por prejudicar o Governo, como no caso de Vieira do Minho. Não pela medida em si, mas pela impopularidade que poderia acarretar.
É pena que essa gente toda, hoje em dia, precise de receber lições de democracia. O PS, como Partido Socialista, simplesmente acabou...


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 12:15 | link do post | comentar

Quarta-feira, 25.07.07
Ao que parece, o Prof. Charrua foi ilibado do processo disciplinar que lhe fora movido. Segundo a Excelentíssima Senhora Ministra da Educação, ficou provado o insulto, mas castigá-lo seria limitar a liberdade de expressão em Portugal.
O que a Excelentíssima Senhora Ministra da Educação se esqueceu de referir é que foi precisamente isso que aconteceu: a liberdade de expressão foi limitada e muito. E esqueceu-se de dizer que o castigo, o Prof. Charrua já o teve: viu terminada a sua requisição de tantos anos na DREN e regressou à escola onde leccionava. Tudo porque se atreveu a accionar a sua liberdade de expressão.
Fica por explicar o que vai acontecer à Excelentíssima Senhora Directora-Regional da DREN, se é que vai acontecer alguma coisa; o que vai dizer o Excelentíssimo Senhor Primeiro-Ministro, Senhor José Sócrates; e o que vai dizer, se é que vai dizer alguma coisa, o Excelentíssimo Cooperador Estratégico.
A propósito, achei piada às declarações de Manuel Alegre sobre o PS e o Governo. Vêm mesmo a propósito. Só é pena não decidir ir mais longe...


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 10:40 | link do post | comentar

Quarta-feira, 04.07.07


Não era necessário. Já tínhamos percebido...


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 12:06 | link do post | comentar

Segunda-feira, 02.07.07
No Ministério de Saúde, as agressões à liberdade e à democracia continuam. Parece que lhes deu um vírus conjunto, altamente contagioso, ou então passaram a sentir as costas bem quentes. As maiorias absolutas fazem disto. Quando o exemplo vem de cima, do primeiro-ministro «enquanto tal e cidadão»...
Depois da demissão por causa de um cartaz dito jocoso e de uma outra demissão, menos noticiada, por delito de opinião, agora é a vez de a correspondência pessoal passar a ser violada diariamente pelos responsáveis da Sub-Região de Saúde de Castelo Branco. É crime, violar correspondência, mas os aspirantes-a-ditadores tudo podem. Perguntei anteriormente onde estavam os verdadeiros socialistas. Já percebi onde estão. Mário Soares, por exemplo, lamentou-se do mal que estas questões fazem ao Governo.
Repare-se: não lamentou as medidas tomadas, lamentou os efeitos colaterais. Se há uns anos já tinha metido o socialismo na gaveta, agora abriu definitivamente a gaveta do fascismo.
Qual será o próximo caso? Aceitam-se apostas!


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 22:07 | link do post | comentar

Sexta-feira, 29.06.07
O Sr. José Sócrates gostava de ser um Ditador. Não será muito diferente de Hugo Chávez, apenas tem de aturar essa maçada da democracia porque está na União Europeia.
O problema é que o verniz quebra facilmente. Primeiro, foi a suspensão de Charrua, que se atreveu a gozar o primeiro-ministro numa conversa privada.
A seguir, António Caldeira foi processado por ter dito umas quantas verdades no «Portugal Profundo» sobre a licenciatura do Sr. José Sócrates.
Agora, uma directora de um Centro de Saúde é demitida por causa de um cartaz com uma frase do próprio Ministro da Saúde, com o desplante de a decisão e seus argumentos terem sido publicados em «Diário da República».
Pelo meio, tivemos a tentativa de organizar listas de funcionários públicos grevistas.
O 25 de Abril, em Portugal, tinha como objectivo devolver-nos a liberdade. O fim dos fascistas, só durou 30 anos. Os aspirantes-a-ditadores regressaram ao poder e ai de quem os critique. O Culto do Chefe!
Onde páram os defensores da liberdade? Onde páram aqueles que lutaram por um Portugal livre? Onde está Mário Soares? Onde estão os verdadeiros socialistas?
Para onde nos conduz a tralha socratina?


Publicado por Ricardo Santos Pinto


publicado por Ricardo Santos Pinto às 19:02 | link do post | comentar

mais sobre mim
Agosto 2009
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
12
13
14
15

18
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30
31


posts recentes

Maria Monteiro - A força ...

«Odeio os caroços nas fru...

As incoerências de Vieira...

Post aberto ao «5 Dias»

Souls of Fire: Reggae de ...

A derrota de Elisa Ferrei...

Aventar

Bacoradas do dia

Para Ana Matos Pires, um ...

Esta rapaziada é tão brin...

arquivos

Agosto 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Outubro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

tags

avenida de roma

lisboa

maria de lurdes rodrigues

ministra da educação

todas as tags

blogs SAPO
subscrever feeds